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17/01/2011

Joílson Cardoso defende a necessidade de reformas estruturais no país

 “Precisamos defender no governo Dilma reformas estruturais, e não somente emergenciais”. A frase de Joílson Cardoso, secretário de Política Sindical e Relações Institucionais da CTB e secretário Nacional Sindical do Partido Socialista Brasileiro (PSB) , resume as expectativas da direção da central sobre as prioridades da sucessora de Lula. A reportagem a seguir foi publicada na Revista Visão Classista da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). 

Cardoso entende que em alguns momentos, nos últimos anos, foi inevitável recorrer a medidas emergenciais para dar sustentabilidade à economia do país. Ele cita a renúncia fiscal do governo durante a crise financeira mundial como exemplo, quando diversos produtos tiveram o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, liberação de parte dos compulsórios dos bancos. Mas o momento agora é outro.
 

“O que queremos agora são reformas como a redução da jornada de trabalho para 40 horas, o fim da terceirização, o combate à alta rotatividade que desemprega milhões de brasileiros, a continuidade da distribuição de renda no Brasil e o fim do fator previdenciário, entre outras”, afirmou o dirigente da CTB.

Joílson entende que o Brasil precisa aproveitar o atual momento histórico para se desenvolver a passos largos. “O país está caminhando para o pleno emprego, indo na contramão dos Estados Unidos e da União Europeia. Aqui a realidade é diferente: precisamos lutar ainda pelo trabalho decente e combater a alta rotatividade da mão de obra nas empresas que reduz salários, com suas nocivas conseqüências, e que joga o trabalhador na incerteza da recolocação no mercado de trabalho. Esse esvaziamento da massa salarial, além de injusto, afeta diretamente as contas da Previdência Social com efeitos nefastos para a arrecadação do Estado”, explicou.
Autonomia e disputa 

A amplitude de alianças do governo Dilma é algo que, assim como nos oito anos de Lula à frente da Presidência, gerará uma série de disputas no governo e na máquina federal. A CTB lutará para que predominem as políticas das forças de esquerda e centro-esquerda, de modo a colocar em prática o desejo demonstrado pela maioria da população nas urnas. 

Mesmo nesse cenário de disputa ferrenha, Joílson se diz otimista em relação aos próximos anos por dois motivos: (1) os partidos que representam setores mais progressistas da sociedade saíram fortalecidos das eleições, com importantes vitórias para os governos estaduais, para o Senado e para a Câmara dos Deputados; (2) o fato de a nova presidente ser uma mulher que sempre militou e defendeu causas da esquerda do país, além de possuir uma biografia de lutas bastante rica.
 

Apesar desse otimismo, o dirigente da CTB ressalta que a autonomia do movimento sindical – condição essencial para que a classe trabalhadora tenha o protagonismo político necessário – está em xeque. “Temos que nos manter muito atentos no plano organizativo e nas relações necessárias com o governo, para que possamos preservar nossa autonomia”, disse.
 

Joílson se referiu especificamente no plano organizativo, à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) número 4.067, de autoria do Democratas, cujo conteúdo questiona o repasse da contribuição sindical às centrais. O partido, que atualmente discute a possibilidade de se unir a outras legendas, em virtude de seus recentes e pífios resultados eleitorais, tenta, via Judiciário, aplicar um golpe na unidade conquistada pela classe trabalhadora nos últimos anos, atacando o “calcanhar de Aquiles” do movimento sindical brasileiro que é o custeio e o direito de representação.  

Ações reacionárias à parte, Joílson lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve se posicionar a respeito da Adin nos próximos meses. “Precisamos estar alertas contra esse golpe. Nosso protagonismo durante o governo Dilma dependerá de mais essa vitória”, afirmou.

 

 

 

 

 

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