SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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19/05/2015

A defesa do programa socialista contra a fusão do PSB com o PPS

A história do PSB confunde-se com a história do povo brasileiro: os pioneiros, Bruno Lima, João Mangabeira, Domingos Valesco, Hermes Liam, Antônio Cândido, Paulo Emílio Sales Gomes, João Pimenta, Osório Borba, proclamavam-se, no manifesto da “Esquerda Democrática”, contra o liberalismo econômico, ao mesmo tempo em que se contrapunham à “ditadura do proletariado”.
 
Em 1947 a “Esquerda Democrática” transformou-se no PSB, Socialismo e Democracia é o lema que inspirou e inspira nosso partido: propomo-nos a ser o partido de “todos e todas que dependem do próprio trabalho”; defendemos o controle do estado nas aéreas estratégicas para o desenvolvimento e soberania nacional; ampliação dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras; garantia da saúde, educação e democratização da cultura; defesa do sistema democrático.
 
“Democracia sem socialismo, democracia não é. Socialismo sem Democracia, Socialismo não pode ser” – afirmou João Mangabeira.
 
Sem o socialismo e a democracia não haverá solução para a questão agrária, industrial e desenvolvimento com justiça social.
 
Nosso partido se organiza por núcleos de base: por profissão, moradia etc...
 
Fomos pioneiros na campanha “o petróleo é nosso”, hoje em voga com o advento do pré-sal que inaugura um novo ciclo de desenvolvimento econômico, com a nossa defesa de que a sua riqueza seja revertida em justiça social para o povo brasileiro.
 
Hermes Lima, no parlamento, Roberto Gusmão, presidente da UNE, lideres da campanha “o petróleo é nosso” que resultou na criação da Petrobrás e o monopólio estatal do petróleo, (“quebrado” pela lei 9.478/97, editada por FHC na onda neoliberal).
 
Na luta do campo, Francisco Julião, João Teixeira (Cabra marcado para morrer), João Batista (mais recentemente,*1955, +1988) e tantos outros sindicalistas, mártires da luta pela reforma agrária.
 
Na Luta em defesa do Brasil com Barbosa Lima Sobrinho, Aurélio Viana, entre outros.
 
Pelos nossos princípios e causas fomos cassados, perseguidos, presos e muitos tombaram na luta em defesa do povo.
 
Somente em 1985 podemos nos reorganizar. Com o mesmo programa e princípios, fomos liderados por Antonio Houaiss, Roberto Amaral, Jamil Haddad e Evandro Lins e Silva os baluartes da reorganização. Roberto Amaral destaca-se, pela sua extraordinária dedicação, incansável, consistente e coerente às causas socialistas e ao PSB.
 
Miguel Arraes trouxe para o seio do nosso partido, a resistência, a firmeza, a coerência, o sentimento e a esperança de um Brasil para o povo brasileiro.
 
O PSB é o resultado dessas experiências, das nossas experiências: homens e mulheres que não aceitando a opressão, o sistema econômico de exploração do homem pelo homem, e que queremos transformar a sociedade injusta, em sociedade justa, a sociedade socialista.
 
Neste momento tão decisivo para a vida do povo brasileiro: em meio a uma crise do sistema capitalista sem precedentes na história, em que o Brasil é atingido pela crise econômica, com prognósticos de recessão; crise no governo e no parlamento sob a acusação de corrupção que colocam em risco a governança e a democracia representativa; ameaças à Petrobrás que é responsável pela maior parte dos investimentos nacionais, pela tentativa da direita em golpear o sistema de partilha, para entregar o Pré-Sal ao capital internacional mudando o sistema para concessão.
 
A classe trabalhadora começa a amargar derrotas na luta pela preservação dos direitos, como foram os casos das Medidas Provisórias (664 e 665) que retiram direitos, também pelas ameaças do Projeto de Lei FRANKENSTEIN da terceirização (PLC 30/2015 - antigo 4330/2004 e PLS 87/2010 do senador Eduardo Azeredo do PSDB-MG); o desemprego e carestia que bate à porta das famílias brasileiras.
 
A crise política atinge o Partido dos Trabalhadores, tendo o seu ex-tesoureiro preso e acusado de envolvimento com a corrupção na operação “lava-jato”, com repercussões negativas na opinião pública, acentuando a rejeição ao PT e ao Governo da presidenta Dilma. A direita, por sua vez, não consegue se viabilizar como alternativa de poder e é rechaçada pela população que vê a corrupção generalizada para todos os partidos.
 
O PSB destaca-se no cenário nacional, pelos resultados dos seus governos, principalmente no Nordeste, através do trabalho iniciado pelo Ex-Governador Eduardo Campos e agora, pelas novas lideranças em vários estados, somados a correta atuação da militância, em especial, a do movimento sindical que cresce no campo do sindicalismo classista do campo e da cidade.
 
Os trabalhadores e trabalhadoras tomam a contraofensiva ao ajuste fiscal do governo e contra a terceirização, com a paralização nacional programada para o dia 29, próximo.
 
O movimento sindical socialista está integrado a esta pauta e reafirma suas convicções no ideário e no programa que guiam o nosso partido.
 
Neste momento histórico, diante desta realidade e dos nossos compromissos, repudiamos e resistiremos à tentativa de dissolução do PSB, representada pela proposta de Fusão com o PPS, e não estamos sozinhos pois começam a haver resistências da militância e nos estados de Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Rio de Janeiro.
 
“A prática é o critério da verdade”, assim afirmava Mao Tsé-Tung.
 
Neste último período qual tem sido a posição política do PPS? No início da construção da candidatura presidencial do PSB, o presidente do PPS, alardeava que estavam em disputa no Brasil, nas eleições de 2014, apenas dois projetos, o do PT e o do PSDB, ele defendia o do PSDB pelos motivos que conhecemos (o PPS se transformou em partido satélite do PSDB), afirmava o presidente do PPS que o PSB não tinha programa e projeto para governar o Brasil, para depois aderir à candidatura do Eduardo Campos, é a essa ambiguidade oportunista do PPS que nós reprovamos. O discurso do PPS de que iria juntar todos os partidos da coligação para apoiar Aécio no segundo turno da eleição presidencial de 2014, mostra a preparação do terreno para levar o PSB aos “braços” da direita que é o principal interesse do PPS em realizar a fusão.
 
O PPS pela sua prática e programa é contra a organização dos trabalhadores: defensor do fim da unicidade sindical e custeio dos sindicatos pelos trabalhadores; defensor da terceirização e, consequentemente, da precarização do trabalho, por isso está dizimado do movimento sindical, portanto, contrário aos princípios defendidos pelo movimento sindical classista dos socialistas que comemora 20 anos da sua fundação.
 
Por isso estamos contra a fusão do PSB com o PPS, proposta que não se sustenta no plano de princípios e programa, a não ser no repugnante pragmatismo que rebaixa a política a uma mera quantificação das vantagens eleitorais.
 
Também repudiamos infelizes adesões de lideranças patronais, patrocinadores do projeto neoliberal que tentam se estabelecer no PSB.
 
No atual quadro de degradação partidária, com “adesismos” de toda a ordem, em todos os partidos, para o PSB, reafirmar nosso programa, defender a unidade da esquerda em torno de um projeto soberano de desenvolvimento com distribuição de renda e justiça social, contra a volta do atraso neoliberal, é de vital importância.
 
Há de se preservar o PSB, contra a bagunça partidária instalada no Brasil que se agrava a cada eleição e agora com a proposta de reforma em tramitação no Congresso Nacional que visa piorar o sistema.
 
Combater o “adesismo oportunista” se faz necessário, (perspectiva de poder, chama poder), às filiações do tipo “esta é minha sigla de aluguel”, o partido é uma “sopa de letrinhas”.
 
É emblemática a “adesão” de Senhores que ninguém acredita na “conversão” ao socialismo democrático e seu programa. O mau exemplo que só serve para que o partido fique prisioneiro às explicações que não se sustentam no plano da coerência ideológica, o que vai se agravar caso passe a fusão com o PPS. A “porteira” estaria aberta para a incoerência e a degradação partidária.
 
De nada adianta ter programa, resoluções das instâncias partidárias, pois os adesistas só respeitam aos interesses a que servem.
 
Neste contexto, o PSB tem plenas condições de fazer surgir entre seus quadros, as Lideranças que irão representar os socialistas nas eleições de 2018. Aprofundar as mudanças para o futuro, assumir o nosso programa socialista e constituir um projeto soberano para o Brasil com a participação da população brasileira, construir a alternativa, pela esquerda, à polarização tão prejudicial ao Brasil dos últimos anos.
 
PRESERVAR O PROGRAMA DOS SOCIALISTAS, PRESERVAR O PSB E SEU LEGADO. Construir uma sociedade justa, democrática, socialista.
 
Não à fusão do PSB com o PPS.
 
Assinam:
 
Joilson Antonio Cardoso Cardoso do Nascimento – RJ
 
Vicente Paulo de Oliveira Selistre – RS
 
Márcia Almeida Machado – ES
 
Jadirson Tadeu Paranatinga - SP
 
Caio Isacksson Santana - AP
 
Claudemir Nonato Santana – BA
 
Fabio Henrique Oliveira Matos – PI
 
Francisco de Assis da Paixão e Silva – PA
 
Francisco Pereira de Melo (DIÁ) – MA
 
Hudson Almeida Machado – ES
 
Aclenei Romero de Jesus – RS
 
Luiz Antônio de Souza Ojeda – MS
 
Elgiane de Fátima Machado Lago – RS
 
Luiz Batista Bruno – RJ
 
Ed Wilson Lino da Silva - RJ
 
Fabiano de Oliveira -MS


Texto: Joílson Cardoso - Secretário Nacional Sindical do Partido Socialista Brasileiro (SSB)

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