Emefs fecham turmas de 8º e 9º ano

Estudantes e pais de alunos das escolas municipais Padre Melico Cândido Barbosa, no Parque Tropical, e André Tosello, no Jardim Aeroporto, ambos bairros da região Sudoeste de Campinas, protestaram ontem pelo fechamento de turmas do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental. Em reuniões nas escolas nos últimos dias, as diretoras informaram as famílias de que os adolescentes terão de ser transferidos para outras unidades. Ao todo, 524 adolescentes serão afetados.

Os 277 estudantes de 8º e 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) André Tosello terão de ir para uma escola estadual do bairro. A primeira opção oferecida pela Secretaria Municipal de Educação foi a Escola Estadual Orlando Signorelli, no DIC 6, mas, devido à manifestação contrária dos pais, que denunciam a existência de tráfico de drogas no local, foi dada outra opção, a Escola Estadual Professora Maria Julieta de Godoi Cartezani, no Jardim Maria Eugênia. “Não quero sair desta escola. Estudo aqui desde a primeira série”, disse Raquel Gonçalves Popilarz, de 13 anos, que está no 7º ano da André Tosello. “Eu também não quero. O ensino nessas outras escolas é ruim”, afirmou Ketelyn Cristina Terto dos Santos, de 13 anos.

Os 247 alunos de 8º e 9º ano da Emef Padre Melico Cândido Barbosa serão transferidos para a Emef Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Professor Zeferino Vaz, na Vila União, a cerca de um quilômetro de distância da escola atual. Em protesto, os estudantes não entraram na instituição ontem, exibindo cartazes e apitando, acompanhados de alguns pais. “Disseram que têm esse projeto desde 2002. Se tivessem planejado, estariam melhorando o ensino, não expulsando os alunos”, afirmou a dona de casa Adriana Moreira, de 35 anos, mãe de um estudante que passará para o 9º ano. “Se o Caic fosse uma escola boa, também não teria vagas”, disse Lea Fernandes, de 40 anos, mãe de outro estudante que terá de ser transferido. “Disseram que só temos uma opção, que é aceitar a transferência”, afirmou a mãe de outro estudante, Fátima Ferreira, de 45 anos.

Segundo o diretor do Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal da Educação, Márcio Rogério Silveira de Andrade, a transferência dos alunos ocorrerá para que turmas do turno intermediário, das 11h às 15h, sejam extintas nas duas escolas. “Não é correto manter o período da fome”, afirmou Andrade, se referindo às aulas no horário do almoço. Com o fechamento do turno intermediário nas duas instituições, a rede municipal continuará com esse período em outras 15 escolas, de um total de 44 Emefs. “Nossa intenção é extinguir esse turno até 2012”, disse Andrade. O diretor pedagógico afirmou ainda que a secretaria irá oferecer transporte gratuito para os estudantes no trajeto entre as escolas.

Para o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas (STSPMC), Marionaldo Fernandes Maciel, os alunos não poderiam ser transferidos. “Essas turmas do turno intermediário foram criadas por uma demanda e essa demanda não deixou de existir”, afirmou. Segundo o sindicalista, o fechamento das salas também causa prejuízo aos professores. “Eles ficarão sem aulas”, disse. De acordo com Andrade, os professores poderão pegar aulas em outras Emefs. Questionado sobre a possibilidade de transferir os estudantes da André Tosello para outra escola municipal, Andrade afirmou que irá estudar se é possível colocá-los na Emef Padre Silva que, a partir do próximo ano, funcionará no prédio da atual Escola Estadual Antonio Fernandes, no Jardim Londres, também na região Sudoeste, cedido pela Secretaria de Estado da Educação. “É bem distante, mas vamos estudar”, afirmou o diretor pedagógico.

A FRASE

“As mudanças que eles (Secretaria Municipal de Educação) fazem são sempre administrativas. As alterações nunca são feitas com uma visão pedagógica.”

MARIONALDO FERNANDES MACIEL
Coordenador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas