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01/02/2012

SAÚDE: Saúde sofre com falta de 39 remédios

Lista da defasagem nos postos, que afeta o tratamento de pacientes, é elaborada por servidores


A dona de casa Maria Aparecida dos Reis Souza Carreira, de 60 anos, toma uma série de remédios para controlar a pressão arterial e reduzir o colesterol. A sinvastatina e o losartan foram prescritos depois que ela sofreu um AVC, há três anos. Mas há três meses ela conta que não consegue retirar os remédios no Centro de Saúde Tancredo Neves. “Desde então, tomo esses remédios, mas nos últimos três meses não tenho tomado porque não encontro no Centro de Saúde. E não tenho dinheiro para comprar”, disse.



Problema é origem de agressões a funcionários, afirma sindicato

O cardiologista Otávio Rizzi Coelho diz que pessoas que já sofreram infarto ou AVC precisam manter o colesterol em “níveis plasmáticos bem baixos”. E, por isso, a medicação é fundamental. Coelho explica que o losartan é usado para controlar a pressão arterial. “Quando a medicação não é usada, a pressão sobe e piora a evolução de quem já teve um infarto ou AVC”, explicou o médico.

Ele conta que quem teve problemas como AVC ou infarto não pode interromper o uso de medicamentos. “Eu não permitiria que um paciente meu ficasse esse tempo todo sem a medicação”, afirmou o cardiologista.

A sinvastatina e o losartan são dois dos 39 medicamentos que estão em falta na rede pública municipal. Entre outros exemplos estão o antibiótico amoxicilina, usado no tratamento de vários tipos de infecção, e até plasil, antiemético usado para controlar náuseas.

O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas (STMC) fez um levantamento junto aos trabalhadores das unidades de saúde e elaborou uma lista com todos os remédios e suprimentos que faltam. “A lista traz os nomes de A a Z dos medicamentos que faltam na rede hoje, mas isso varia de acordo com a unidade”, afirmou o coordenador do sindicato, Marionaldo Maciel.

Ele conta que o sindicato tornou pública a lista para que a sociedade possa cobrar do poder público rapidez para resolver o problema. “O papel do sindicato é cobrar mesmo. Cobramos falta de infraestrutura e falta de mão de obra. A falta do remédio agrava o atendimento e prejudica a população”, afirmou.

Ele argumenta que a falta de medicamentos é uma das coisas que tem originado a agressividade contra o funcionalismo. “A falta dos insumos compromete todo o atendimento e uma série de procedimentos deixa de ser feito por causa disso”, apontou.

Francisco Mogadouro da Cunha, membro do Conselho Municipal de Saúde, diz que o problema não é localizado em apenas uma unidade e atinge toda a rede. “Sempre tem pequena falta de medicamentos ou insumos, mas nos últimos meses o problema piorou muito.”

Além do CS Tancredo Neves, os usuários das unidades de Barão Geraldo e da Vila Boa Vista também sofrem com o problema. “Já faz dois meses que eu venho buscar sinvastatina para o meu pai e não consigo. Estamos comprando para que não falte”, disse ontem a revendedora Sueli Nani.

A secretária Vera Lúcia de  Oliveira foi outra paciente que voltou para casa sem medicamento. “E não é um problema pontual. A falta de remédio e de gente para atender é constante”, reclamou. A reportagem tentou falar com a Secretaria de Saúde entre as 10h e 17h30 em vários telefones, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em reportagem do último dia 17, sobre falta de medicamentos no Centro de Saú- de do Jardim Santa Lúcia, a secretaria informou que resolveria aquele problema especí- fico com remanejamento com outras unidades com estoque completo.




Fonte: Correio Popular

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