Lista da defasagem nos postos, que afeta o tratamento de pacientes, é elaborada por servidores
Problema é origem de agressões a funcionários, afirma sindicato
O cardiologista Otávio Rizzi Coelho diz que pessoas que já sofreram infarto ou AVC precisam manter o colesterol em “níveis plasmáticos bem baixos”. E, por isso, a medicação é fundamental. Coelho explica que o losartan é usado para controlar a pressão arterial. “Quando a medicação não é usada, a pressão sobe e piora a evolução de quem já teve um infarto ou AVC”, explicou o médico.
Ele conta que quem teve problemas como AVC ou infarto não pode interromper o uso de medicamentos. “Eu não permitiria que um paciente meu ficasse esse tempo todo sem a medicação”, afirmou o cardiologista.
A sinvastatina e o losartan são dois dos 39 medicamentos que estão em falta na rede pública municipal. Entre outros exemplos estão o antibiótico amoxicilina, usado no tratamento de vários tipos de infecção, e até plasil, antiemético usado para controlar náuseas.
O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas (STMC) fez um levantamento junto aos trabalhadores das unidades de saúde e elaborou uma lista com todos os remédios e suprimentos que faltam. “A lista traz os nomes de A a Z dos medicamentos que faltam na rede hoje, mas isso varia de acordo com a unidade”, afirmou o coordenador do sindicato, Marionaldo Maciel.
Ele conta que o sindicato tornou pública a lista para que a sociedade possa cobrar do poder público rapidez para resolver o problema. “O papel do sindicato é cobrar mesmo. Cobramos falta de infraestrutura e falta de mão de obra. A falta do remédio agrava o atendimento e prejudica a população”, afirmou.
Ele argumenta que a falta de medicamentos é uma das coisas que tem originado a agressividade contra o funcionalismo. “A falta dos insumos compromete todo o atendimento e uma série de procedimentos deixa de ser feito por causa disso”, apontou.
Francisco Mogadouro da Cunha, membro do Conselho Municipal de Saúde, diz que o problema não é localizado em apenas uma unidade e atinge toda a rede. “Sempre tem pequena falta de medicamentos ou insumos, mas nos últimos meses o problema piorou muito.”
Além do CS Tancredo Neves, os usuários das unidades de Barão Geraldo e da Vila Boa Vista também sofrem com o problema. “Já faz dois meses que eu venho buscar sinvastatina para o meu pai e não consigo. Estamos comprando para que não falte”, disse ontem a revendedora Sueli Nani.
A secretária Vera Lúcia de Oliveira foi outra paciente que voltou para casa sem medicamento. “E não é um problema pontual. A falta de remédio e de gente para atender é constante”, reclamou. A reportagem tentou falar com a Secretaria de Saúde entre as 10h e 17h30 em vários telefones, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Em reportagem do último dia 17, sobre falta de medicamentos no Centro de Saú- de do Jardim Santa Lúcia, a secretaria informou que resolveria aquele problema especí- fico com remanejamento com outras unidades com estoque completo.
Fonte: Correio Popular