Durante reunião realizada em 15 de julho de 2022 a Direção Nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) aprovou a seguinte resolução política:
1- O Brasil foi abalado na madrugada do dia 10 de julho, um domingo, pelo brutal assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), morto a tiros por um bolsonarista no dia em que completou e comemorava 50 anos;
2- O crime político, que despertou uma comoção nacional, é produto direto do ódio e da intolerância neofascista difundidos diuturnamente pelo Clã Bolsonaro e reproduzido por seus fanáticos seguidores. Arruda era também sindicalista, atuava na valorosa frente dos sindicatos dos servidores públicos municipais. O atentado no comício de Lula na Cinelândia três dias antes do assassinato em Foz do Iguaçu, quando o bolsonarista André Stefano arremessou uma bomba com fezes humanas nos manifestantes, bem como o drone com veneno, fezes e urinas em Uberlândia (MG) contra apoiadores do ex-presidente, em 15 de junho, foram dois outros acontecimentos que têm a mesma origem e natureza. Não são fatos isolados;
3- À medida que se desenvolve a campanha eleitoral para a Presidência da República o líder da extrema direita, Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, eleva o tom das ameaças golpistas e recorre a todos os meios em busca da reeleição, atropelando a lei e a Constituição com o respaldo político do Centrão;
4- É o caso da chamada PEC da Eleição (número 01/2022), que o presidente da Câmara, Arthur Lira, e parlamentares aliados ao Palácio do Planalto aprovaram a toque de caixa, pela qual concedeu-se ao presidente um cheque estimado em mais de R$ 41 bilhões para a compra de votos, ampliando e criando benefícios que expiram em dezembro deste ano com o único propósito de reduzir a altíssima taxa de rejeição que o chefe do Executivo desfruta hoje, principalmente nas camadas mais pobres e carentes do eleitorado. A PEC instituiu o Estado de Emergência para encobrir e justificar as medidas e liberar o governo para continuar agindo impunemente à margem da lei eleitoral;
5- No escândalo do MEC ficou evidente que Bolsonaro cometeu crime ao avisar previamente o ex-ministro Milton Ribeiro que a Polícia Federal realizaria busca e apreensão em sua residência. A ministra Cármen Lúcia, do STF, determinou à Procuradoria Geral da República (PRG) que investigasse a ilegalidade, mas o procurador geral, Augusto Aras, continua se comportando como um fiel escudeiro do presidente que o instalou no cargo, acobertando e engavetando todos os crimes provenientes do Palácio do Planalto;
6- O presidente está desesperado com a perspectiva de que a eleição seja decidida já no primeiro turno com a vitória de Lula, conforme sugerem as pesquisas do Datafolha e outros institutos. Ele tem consciência de que corre o risco de parar na cadeia ao deixar o Palácio do Alvorada, na companhia dos filhos;
7- Em contraposição aos devaneios neofascistas do Clã Bolsonaro, a fome e a miséria avançam a passos largos no país. Estudo recente da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que o número de pessoas com insegurança alimentar no Brasil subiu a 61,3 milhões, um número alarmante considerando que a população brasileira é estimada em 213,3 milhões. Uma vergonha internacional provocada pelo desmonte das políticas públicas, em especial da agricultura familiar;
8- A inflação acelerada, concentrada principalmente nos preços de alimentos e combustíveis, segue reduzindo impiedosamente o valor real dos salários, transferindo renda do trabalho para o capital, enquanto a alta das taxas de juros enche a burra dos rentistas. Os reajustes salariais não corrigem as perdas impostas pela depreciação do valor da moeda e, com o mercado de trabalho pressionado por dezenas de milhões de desempregados e subempregados, as novas contratações são feitas em bases mais precárias e com salários menores. O arrocho salarial deprime o consumo e o mercado interno, obstruindo a recuperação da economia;
9- A responsabilidade do Palácio do Planalto na tragédia econômica e social é óbvia. Começa pela política de dolarização dos preços de combustíveis, feita para saciar o apetite de acionistas privados, passa pela terceirização da regulação do setor de alimentação e bebida, flexibilização e destruição de direitos trabalhistas e privatizações;
10- Diante deste dramático cenário, a Direção Nacional da CTB reitera o conteúdo da resolução política aprovada na última reunião da Direção Executiva. O pleito de outubro para a Presidência, o Congresso Nacional, bem como governos e legislativos estaduais, é a grande batalha que deve centralizar a atenção e a energia da militância e das direções da nossa Central Classista;
11- É igualmente necessário redobrar os esforços para a construção de uma ampla frente política e social para barrar o golpismo, defender a democracia e o processo eleitoral;
12- A continuidade do Clã Bolsonaro no Palácio do Planalto após o pleito de outubro não significaria apenas a preservação da agenda reacionária inspirada no neoliberalismo. Seria um aval popular para o avanço da barbárie neofascista em nosso país. Derrotar o líder da extrema direita é vital para o movimento sindical e as forças democráticas e progressistas e o primeiro passo na direção de um novo projeto nacional de desenvolvimento focado na reindustrialização do país, na valorização do trabalho, na democracia e na soberania;
13- Além de derrotar Bolsonaro e eleger um governo comprometido com a agenda da classe trabalhadora aprovada na Conclat, é fundamental aumentar a representação dos trabalhadores e trabalhadoras no Parlamento. A CTB lutará para eleger parlamentares ligados à Central, fator essencial para reverter as contrarreformas trabalhista e previdenciária;
14- Os dirigentes presentes na reunião enalteceram a participação da CTB no 18º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM), em maio deste ano, quando foi eleita uma nova direção com um representante da nossa Central no Conselho Presidencial;
15- A Direção Nacional da CTB aprovou o lançamento de uma campanha de fortalecimento da central, tendo por objetivo revigorar suas finanças e viabilizar a ampliação das lutas políticas classistas. Reiterou também e necessidade de reforçar a campanha contra a carestia e a fome, bem como participar das manifestações em defesa da democracia e da soberania nacional, especialmente no dia 7 de setembro;
16- Os dirigentes classistas repudiaram energicamente o crescimento da violência contra as lideranças sindicais, políticas e ambientalistas, bem como contra as mulheres, o feminicídio e os estupros praticados pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra.