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15/12/2017

Orquestra Municipal de Campinas: uma trajetória musical ameaçada

A Orquestra Municipal de Campinas (OSMC) é o orgulho do cidadão campineiro.


Foto: Gabriel Souza
Os ataques contra a democracia e a cultura brasileira estão cada vez mais acirradas.  A crise econômica está sendo desculpas para atitudes que visam espoliar ainda mais o capital financeiro e cultural de nosso país. Ações antidemocráticas estão sendo pagas pelo bolso do cidadão brasileiro. Recentemente, o vereador do Munícipio de Campinas, Paulo Galtério (PSB), propôs um vergonhoso Projeto de Lei para acabar com a Orquestra Municipal de Campinas (OSMC). É ilógico, mas é verdade: um vereador pago com dinheiro público quer acabar com um benefício destinado ao público. Algo comum em nosso país!

A Orquestra  Municipal de Campinas (OSMC)  é o orgulho do cidadão campineiro, do pobre, da classe média e do rico. A programação de suas apresentações é diversificada e democrática. Em carta aberta à população, a equipe da OSMC explica com número como foi a sua atuação neste ano:

“Em 2017, realizamos mais de 60 concertos para um público estimado total de 50.000 pessoas, além de desenvolver projetos de forte cunho socioeducativo, levando música de qualidade à população de baixa renda e a mais de 3.000 crianças da rede pública de ensino através dos nossos concertos didáticos.”

O vereador Paulo Galtério (PSB) argumenta que a Orquestra fica cara para os cofres públicos, pois o sua manutenção giraria em torno de R$1 milhão por mês. De acordo com a OSMC, o valor está incorreto e a remuneração da equipe está adequada e abaixo do teto salarial correspondente.  

Galtério  também não menciona que Campinas é a segunda cidade mais rica do país, depois da capital, São Paulo. Que o problema não é a falta de dinheiro, mas como vem sendo espoliado.

Galtério não deve saber que Campinas é pólo tecnológico, centro educacional e, portanto, palco da cultura e do conhecimento brasileiro.

Também não deve saber que em Campinas aconteceram grandes momentos culturais, como o ciclo regional cinematográfico de 1920, ou então,  que nomes importantes da cultura brasileira  surgiram nessa cidade ou por ela passaram, como Hercules Florence (1804-1879), considerado o pai da fotografia brasileira, ou do ilustre fotógrafo Aristides da Silva, o V-8, que registrou momentos importantes da história e da cultura campineira e que com certeza estaria perplexo com tal Projeto de Lei.

O que mais poderia servir de argumentos para remover Galtério de tal despautério?

Talvez dizer que o compositor de óperas, Carlos Gomes, autor de “O Guarani”, nasceu em Campinas e levou o próprio nome e o do cidade para os holofotes do mundo afora?

A Orquestra Municipal de Campinas foi inaugurada no início do século XX, mas o primórdio de sua história é de 1815, quando o pai de Carlos Gomes, chegou à cidade. O músico Manuel José Gomes, um homem simples e humilde, juntamente com seus filhos, apresentou os primeiros concertos da cidade.  

Portanto, Galtério não dever ter noção do que representa a sua ameaça.  É um disparate querer acabar com uma trajetória musical de mais de 200 anos.

Galtério deveria ter vergonha de propor tal projeto!

Ficaria mais bonito se, no mínimo, buscasse apoio para dar continuidade à história de orgulho e de alegria dos campineiros. Mas hoje em dia, num país onde políticos mandam mais que juízes, é mais fácil resolver as questões que surgem pelo caminho com Projetos de Leis. 


Por Catarina Bicudo, jornalista e assessora de imprensa do STMC.

 

Fonte: STMC

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