SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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03/02/2013

Reportagem trata de problemas denunciados constantemente pelo Sindicato

Falta de vagas e estruturas permanecem na volta às aulas

O déficit de vagas nas creches, os problemas de estruturas ou a falta de profissionais na rede municipal de ensino são denúncias constantes feitas pelo Sindicato, seja nas pautas das Campanhas Salariais, nas paralisações ou notificações de cobrança à Administração.
 
No último domingo, o jornal Correio Popular publicou uma reportagem em que faz um raio x dessas condições, que ainda são cenários de mais um “volta às aulas”. 
 
Em seu depoimento, a monitora e diretora sindical Mariza de Jesus frisa a pendência profissional das carreiras dos monitores e agentes de educação infantil, que se revela pela reivindicação do reenquadramento destes enquanto professores de educação básica. Veja os detalhes na reportagem que dispomos para leitura. 
 
 
Publicado quarta-feira, 30 de janeiro de 2013 
Precariedade desafia volta às aulas em Campinas 
Reportagem constatou escolas cercadas por mato alto e lixo a poucos dias do retorno na rede municipal 
03/02/2013 - 20h05 | Milene Moretomilene@rac.com.br
 
O ano letivo para 30 mil crianças que estudam na rede municipal ensino em Campinas começa nesta segunda-feira (4).  Os problemas para os estudantes e suas famílias são inúmeros, desde a falta de vagas até de infraestrutura das instituições de ensino.  Cerca de 6 mil crianças vão ficar fora das creches. Uma parcela dos alunos corre o risco de não cursar o Ensino Fundamental por causa de matrículas feitas em escolas muito distantes de suas casas. O cenário dos prédios municipais que abrigam os estudantes também não é animador. A maioria das unidades passa por manutenção de última hora e algumas não ficarão prontas a tempo para o início das aulas. O Correio percorreu pelo menos 15 escolas e creches de Campinas e constatou que a maioria está com mato alto, paredes pichadas e, em algumas unidades, o entorno das instituições está repleto de entulho e lixo.  A Secretaria de Educação informou que 16 unidades passam por manutenção e ficarão prontas nesta segunda-feira (4).  Outras terão reparos feitos durante o ano letivo.
 
A previsão inicial era de concluir as obras em 18 unidades. Porém, duas instituições tiveram atraso devido a vazamentos no telhado e consertos que acabaram não sendo concluídos, segundo o Executivo, pelas chuvas constantes. Por esse motivo, as creches Recanto da Alegria, no Jardim Nilópolis, e Pezinho Descalço, no Carlos Lourenço, só vão funcionar após o dia 18 de fevereiro. Segundo a diretora do Departamento de Apoio à Escola, Elvira Brito, o atraso só ocorreu em duas unidades e todas as escolas estão preparadas para receber os alunos. Em relação ao mato alto em parques e no entorno das instituições de ensino, Elvira informou que, devido à época de chuvas, a manutenção é difícil porque o mato cresce de forma rápida. “Com a transição de governo, nós fizemos o planejamento das reformas este mês. As equipes de manutenção foram convocadas até nos fins de semana.” Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Parque Brasília, uma reforma não havia terminado até a última quinta-feira. Na unidade, a Prefeitura está construindo um banheiro adaptado para crianças com algum tipo de deficiência. Parte do muro estava todo pichado e a calçada com mato alto.  Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Padre Leão Vallerie, no Parque Valença I, região do Campo Grande, funcionários da Prefeitura estavam pintando a unidade. Porém, a escola tinha muito entulho no seu entorno e o parque coberto por mato.
 
Na Escola Estadual Glória Aparecida Rosa Viana, no Jardim Satélite Íris I, o problema era a quantidade de lixo no entorno, uma manutenção de responsabilidade da Prefeitura. Um parque ao lado da unidade estava totalmente coberto por mato. Segundo pais e alunos, o local vira ponto de tráfico de droga durante a noite. Neste espaço, a reportagem do Correio encontrou cápsulas utilizadas para armazenar drogas e preservativos. “Nós ficamos muito preocupados. Agora um dos meus filhos vai estudar à noite, o que nos deixa ainda mais apreensivos. Essa praça cheia de mato é um problema”, afirmou Maria Nelice Barbosa, mãe de dois estudantes da escola.
 
Setor sofre os reflexos da crise política na Prefeitura
Verbas são consideradas insuficientes; governo promete contratar monitores
 
O setor da Educação em Campinas foi um dos mais atingidos pela crise política que há pelo menos dois anos comprometeu os serviços essenciais da cidade — as denúncias de corrupção na Prefeitura, na gestão Hélio de Oliveira Santos (PDT) e as cassações dos prefeitos Hélio e Demétrio Vilagra (PT) paralisaram a Administração. 
 
Dentro do Orçamento do Município, a previsão é aplicar R$ 702 milhões em 2013 com o setor. A folha de pagamento de todos os profissionais da área custa cerca de R$ 350 milhões. Apesar dos números elevados, os recursos ainda não são suficientes para dar conta das demandas das creches, por exemplo, ou para reformular o sistema educacional com valorização dos profissionais da área. O governo do prefeito Jonas Donizette (PSB) se comprometeu com novas construções para sanar a falta de vagas entre as crianças entre zero e três anos e também com unidades dedicadas ao ensino em tempo integral. 
 
O Estado é o responsável em Campinas por 75% dos alunos no Ensino Fundamental compartilhado com o Município e responde, integralmente, pelo Ensino Médio. À Prefeitura cabe sustentar e gerir o Ensino Infantil.
 
A política de municipalização que tentou ser implementada desde 1996 não vingou em boa parte das cidades devido ao salário pago aos professores. O professor com formação universitária com carga de 40 horas semanais recebe do governo do Estado R$ 1.835,00 enquanto os professores da rede municipal de Campinas recebem inicialmente R$ 3.287,52 na mesma condição, o que inviabilizaria a Prefeitura de arcar com mais despesas.
 
Na rede municipal de Campinas, o maior problema hoje é a remuneração dos monitores. Esses profissionais não estão inseridos na carreira do magistério. Recebem por mês cerca de R$ 1,2 mil e sofrem com a sobrecarga de trabalho. Atualmente cada monitor nas creches cuida de cerca de oito crianças entre zero e três anos.
 
Segundo a diretora pedagógica da Secretaria de Educação em Campinas, Helena de Freitas, é preciso diminuir o número de crianças que ficam com os monitores. “A fase inicial da vida das crianças é uma das mais importantes. Hoje nós não trabalhamos mais apenas com o conceito
de cuidar dessas crianças, existe um projeto pedagógico e, para que seja aplicado, é necessário reformular a maneira como o sistema hoje é introduzido nas creches. Esse é umproblema nacional, não exclusivo da cidade de Campinas”, afirmou Helena. 
 
Segundo a secretária de Educação, Solange Villon Kohn Pelicer, serão contratados 176 novos monitores este ano que prestaram concurso. “Mesmo assim ainda vamos trabalhar com um déficit. Apesar disso, a rede não ficará descoberta, uma vez que os monitores podem fazer hora extra”, disse a secretária.Monitora há 17 anos, Mariza de Jesus fala sobre as dificuldades da sua profissão. Para ela, a quantidade de crianças nas salas e a falta de formação adequada dos monitores complicam a situação das creches. “Hoje um monitor pertence ao quadro operacional da Prefeitura. Não tem carreira. Não se exige ensino superior no concurso público”, disse. Segundo a servidora, alguns prédios também não contam com o mobiliário adequado. “Muitas vezes o monitor é obrigado a colocar um colchão em cima de uma mesa para trocar um bebê.” Elvira Brito, diretora do Departamento de Apoio à Escola, afirmou que não recebeu nenhuma demanda sobre a falta de mobiliário nas creches. (MM/ AAN)
 
 

Fonte: STMC com informações da reportagem do Correio Popular

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