Confira íntegra da matéria publicada pelo jornal Correio Popular e que mostra novas denúncias contra o vereador Aurélio Cláudio: Menos de 24 horas após dizer que estava "surpreso" ao saber que um grupo de seis homens, flagrados anteontem pela reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN), trabalhava na manutenção do canteiro central da Avenida Ruy Rodriguez, no bairro Santa Lúcia, vestindo camisetas que ostentavam o seu nome, e da acusação de que isso só poderia ser uma "armação" contra o seu mandato, o presidente da Câmara de Vereadores de Campinas, Aurélio José Cláudio (PDT), admitiu que articulou para que comerciantes do bairro Santa Lúcia contratassem a equipe para trabalhar no local. O pedetista, que não esconde de ninguém que é praticante contumaz da política clientelista, disse que faz manutenção periódica no canteiro, mas que não tem nada a ver com o uso da camiseta, um ato que pode ser interpretado como campanha antecipada pela Justiça Eleitoral. O "uniforme", porém, irá lhe custar a investigação pelo Ministério Público Estadual. "Tenho esse estilo de trabalhar (homens fazendo serviços de manutenção nos bairros, papel que deve ser da Prefeitura, e não assumido por um parlamentar) e não vou mudar agora. Pedi para que os comerciantes me ajudassem. A contratação é temporária, por três dias, e são eles que pagam", justificou Aurélio, que há três meses se envolveu com o escândalo dos "funcionários fantasmas", quando um funcionário comissionado contratado por R$ 3,2 mil pela Secretaria Municipal de Cooperação Internacional foi flagrado fazendo serviços de jardinagem no reduto eleitoral do pedetista. Aurélio afirmou que conquista os seus eleitores com a execução de pequenas obras nos bairros. "Bom seria se eu ficasse no ar-condicionado e água fresca. Mas o povo cobra mais do que isso. Graças a esse trabalho, atendendo a pequenas demandas, estou no meu terceiro mandato", afirmou o vereador. Questionado se não cabia a ele orientar a população sobre a função primordial do papel do vereador -- que é de fiscalizar o Executivo --, o pedetista respondeu que "é uma questão cultural". "Temos vereadores, como o Arlindo Dutra e o Hélio Rosolén (ambos com base eleitoral na região do bairro Santa Lúcia), que foram eleitos em cima de promessas, não fizeram esse trabalho e não retornaram", argumentou Aurélio. Para o ex-presidente da Câmara de Campinas Carlos Francisco Signorelli (PT), a confusão de papéis entre os poderes não é uma prerrogativa só do Legislativo campineiro. "Grande parte das câmaras está se tornando um espaço auxiliar do Executivo. O povo não entende que o Legislativo tem que fiscalizar e, além de tudo, acha lindo essas obras serem executadas pelos vereadores. Apenas a classe média percebe essa nocividade. Isso é lamentável", desabafou o petista. Para Signorelli, uma mudança só ocorreria a partir de uma reforma constitucional pelo fim da reeleição -- em todos os níveis de poder. "Eles fazem o que o povo quer (obras) e assumem papel do Executivo porque querem se reeleger", disse. Não há consenso, porém, em relação ao impacto sobre o eleitor. Milton Santo Adami, dono de uma banca de jornal localizada em frente ao canteiro da Ruy Rodriguez, é um dos defensores da política do tomá lá, dá cá. "Foi o Aurélio que reformou essa praça e agora tudo está limpinho. Não vejo nenhum problema. Mas quem paga o pessoal é ele", disse. Outro Milton, que não quis dar o sobrenome, não concorda com a atuação do parlamentar. "Esse serviço tem que ser executado pela Prefeitura", criticou. Administração O coordenador de Comunicação da Prefeitura de Campinas, Francisco de Lagos, disse que o Executivo não pode impedir que moradores ou um vereador limpe uma praça ou um terreno público. Lagos negou que o fato do parlamentar assumir a execução de um serviço que deveria ser de responsabilidade da Prefeitura signifique que o Executivo não tem realizado a manutenção do local. "A Prefeitura faz a parte dela, mas há uma rotina. Não autorizamos formalmente esse trabalho, mas qualquer cidadão pode fazer a limpeza", disse ele. Anteontem "Estavam usando o meu nome? Olha que bonito! Mas só pode ser uma armação." "Não tive nenhuma informação de que esse pessoal trabalha para mim. Eu tenho conhecimento apenas de empresários que estão investindo na região." Ontem "Vários comerciantes estão me ajudando. Faço manutenção periódica. Eles são contratados temporariamente por três dias." "Vou pedir para não usar mais camisetas para não passar essa conotação (propaganda eleitoral)."
FRASES CONTRADITÓRIAS
Fonte: Jornal Correio Popular