SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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16/06/2008

CCZ vira corredor da morte para animais, relata jornal

Confira detalhes de uma denúncia já feita pelo Sindicato em novembro de 2007.

A superlotação e uma infra-estrutura deficitária transformam os canis do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campinas em uma espécie de corredor da morte para a maior parte dos 84 animais que estão presos lá. Mal alimentados, sem tomar sol e se exercitar, os cães emagrecem a ponto de quase não conseguirem se levantar e andar. "Isso aqui é um grande corredor da morte. O cachorro vem pra cá para morrer", define um funcionário do local que não quis se identificar. A lei proíbe o extermínio de cachorros saudáveis e determina que os animais abandonados e alojados no CCZ sejam castrados, identificados e doados. Mas isso não vem ocorrendo e os cães acabam abandonados à própria sorte no canil.

Segundo funcionários do CCZ, os animais são alimentados com ração de baixíssima qualidade e, por isso, perdem peso. "Tem muito cachorro que recusa a ração e só come quando está no limite da fome mesmo", conta um empregado. A reportagem esteve no local e constatou que, apesar de magérrimos, os cães estão recebendo alimentação.

A diretora da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), Maria Filomena de Gouveia Vilela, reconhece que o confinamento está adoecendo os animais e que eles estão condenados à morte. "Na prática, o que está acontecendo é isso (a morte)", diz. Maria conta que o CCZ não foi criado para abrigar animais por muito tempo e que há cachorro que está lá há quase um ano. "Na nossa avaliação, o grande problema é que esses animais estão confinados há muito tempo e o confinamento adoece e deprime", disse. Ela contou que a ração oferecida segue os padrões técnicos previstos para alimentação de animais daquele porte.

Ao todo, o CCZ tem capacidade para 70 cães. Dessas vagas, 12 são para o setor de isolamento destinado aos animais perigosos. Ontem, 24 cachorros estavam alojados nesse espaço. O problema da superlotação é antigo e de conhecimento da Prefeitura de Campinas. O próprio secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, reconheceu, em várias ocasiões, a superlotação na instituição. Mas, até hoje, nada foi feito para amenizar o sofrimento dos animais e melhorar as condições de trabalho dos servidores.

As celas do isolamento são destinadas aos cães perigosos, como o pit bull que matou o aposentado Adelino Gonçalves Souza no último sábado, na Escola Estadual Jamil Gadia, no Parque Figueira 2. Essas celas estão em condições precárias, expondo os tratadores a risco. Os funcionários não tem onde alojar os cachorros para limpar as baias e se arriscam para manter o lugar limpo. "Como as celas estão lotadas, o funcionário tem que se virar para limpar o lugar", comenta o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas, Jadirson Tadeu Cohen. Em uma baia, o cachorro roeu parte da grade e pula de uma cela para outra. "Se o funcionário o colocar num local para limpar a cela, o cachorro pode voltar e atacá-lo", relata o coordenador. Em outro recinto, o canil é fechado na base do improviso. "Um local de isolamento para cães ferozes não pode funcionar assim."

As péssimas condições de alojamento dos animais e a falta de segurança para os funcionários do CCZ foram denunciadas pelo sindicato no ano passado, quando uma funcionária foi atacada por um rottweiler quando o tratava. "Mais de seis meses depois, voltamos aqui e constatamos que a situação continua a mesma. Por isso, vamos recorrer ao Ministério Público", denuncia Cohen.

Entre as irregularidades apontadas pelo sindicato está o transporte irregular de carcaça de animais. "A Vigilância Sanitária proíbe o transporte de animais mortos em caminhões abertos, mas aqui as carcaças são levadas assim até o aterro sanitário", relatada Cohen. Faltam ainda equipamentos de proteção individual para os funcionários que tratam dos cães e fazem esse transporte. "Outro problema grave é a questão do esgoto. A caixa de contenção que recebe todas as fezes dos animais não tem controle de vazamento e não sabemos se contaminou o solo", diz o sindicalista.

Para resolver esses problemas, seria necessária uma reforma ampla na estrutura local, com o reforço das grades dos canis, um sistema de escoamento e esgoto mais adequado a um canil de grande porte. "Em novembro do ano passado nos reunimos com o secretário de Saúde, mas até hoje nada foi feito", afirma Cohen.

Entidades cobram feiras de adoção

Para Flávio Lamas, presidente da Associação dos Amigos dos Animais de Campinas, a "Prefeitura não faz feira de doação e castração de animais como deveria fazer e, já que não pode sacrificar (os cachorros), está deixando os bichos morrerem". Já o deputado estadual Feliciano Nahimy Filho (PV), presidente da União Protetora dos Animais (UPA), cobra o CCZ e diz que "há, em todo o Estado, experiências de sucesso na doação de animais. Em Itu, são doados cerca de 800 animais por ano. Mauá e a Capital também têm campanhas de sucesso e isso também pode ser feito em Campinas se a diretoria do CCZ quiser", afirma. O deputado acusa a Prefeitura de descumprir a lei, que prevê a castração para doação dos animais e diz que vai denunciar o caso ao Ministério Público (MP).

A diretora da Covisa, Maria Filomena de Gouveia Vilela, reconhece a necessidade de incrementar o incentivo à adoção. "Estamos estudando divulgar fotos dos animais para adoção em nosso site e está previsto para agosto uma grande campanha sobre posse responsável de animais." (PA/AAN)


Fonte: Correio Popular - 13/06/2008

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