Os secretários Antônio Caria Neto (Assuntos Jurídicos) e André Laubstein (Gestão e Controle) reconheceram, nos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção desta sexta-feira (23), que houve falhas da prefeitura no processo de liberação dos empreendimentos imobiliários e das antenas de telefonia celular. Foram entregues à comissão os relatórios de 29 auditorias realizadas, à respeito de loteamentos liberados irregularmente pela Secretaria de Urbanismo.
Segundo Lubestein, que conduziu as auditorias, muitos dos empreendimentos foram realizados na forma de desmembramento de lotes e não de loteamento, como deveria ter sido feito. O secretário explicou que a diferença é que na forma desmembrada, a construtora aproveita a infraestrutura pública e, com isso, não precisa fazer ruas, praças e áreas verdes.
Caria Neto, por sua vez, citou a falta des pagamentos, por parte das construtoras, de algumas contrapartidas. De acordo com ele, algumas das empresas subestimavam o valor dos apartamentos ou casas para não pagarem o Fundo de Apoio à População de Sub-Habitação Urbana (Fundap). O presidente da CPI, o vereador Artur Orsi (PSDB), afirmou que o prejuízo aos cofres públicos, pela falta de pagamentos, chega a R$ 63 milhões.
Pulou etapas
Os dois secretários afirmaram que os loteamentos foram liberados apenas pela Secretaria de Urbanismo, sem passar pelos outros órgãos pelos quais deveriam ser analisados, como as secretarias de Habitação, Meio Ambiente e Planejamento, além da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas). Em relação as antenas de telefonia, Laubstein revelou que há indícios de omissão de servidores públicos na liberação das antenas. O secretário contou que seis servidores, cujos nomes não serão revelados, serão investigados.
De acordo com o presidente da comissão, os próximos depoimentos, ainda sem datas marcadas, serão do ex-secretário de Urbanismo Hélio Jarreta, do atual secretário da pasta, Luis Yabiku, e de representantes das empresas Goldfarb e MRV.
Ação Cautelar
O vereador Elcio Batista (PSB) protocolou, no final da manhã desta sexta-feira (23), uma Ação Cautelar na 1ª Vara da Fazenda Pública de Campinas, pedindo a expedição de uma liminar, que anula a eleição do vereador Campos Filho (DEM) para relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Corrupção. O parlamentar alega que a eleição não poderia ter ocorrido, uma vez que faltava definir um sétimo membro da comissão, após a renúncia do vereador Antônio Flores (PDT) na terça-feira (20).
Batista se baseou no artigo 57 do Regimento Interno da Câmara que diz que "as CPI's serão constituídas por sete membros e após a sua formação deverá ser escolhido o relator". Como no momento da eleição para relator, a CPI contava apenas com seis membros, o parlamentar afirma que não poderia ter sido realizado o pleito. "Na minha visão como advogado, acredito que o juiz deve acatar o pedido".
O vereador Antonio Francisco dos Santos, O Politizador (PMN), que foi sorteado o sétimo membro na sessão da Câmara da noite de quarta-feira (21), encaminhou uma declaração para ser anexada ao pedido de Élcio Batista, na qual aponta a sua indignação em não poder ter participado da escolha do relator.
O juiz Mauro Fukumoto tem até segunda-feira (26) para decidir liminarmente o pedido.
CPI Corrupção
A CPI da Corrupção foi instaurada no início deste mês, para analisar contratos públicos suspeitos de irregularidades, com empresas como a Sanasa, o Instituto Cidade, a Emdec, além das denúncias das antenas irregulares e de empreendimentos imobiliários em Campinas. A comissão também pretende rastrear e devolver aos cofres públicos o dinheiro que teria sido desviado pela corrupção na cidade. O prazo para a conclusão das investigações é de 90 dias, que pode ser prorrogado por mais 30. Além de Campos Filhos (DEM), que é o atual relator, a CPI é composta pelos vereadores Cidão Santos (PPS), Dr. Élcio Batista (PSB), Miguel Arcanjo (PSC), Sebastião dos Santos (PMDB), Politizador (PMN) e Artur Orsi.
Data da publicação: 23/09/2011