O terceiro setor, que nunca funcionou bem, mas que agora é um desastre, é o da saúde
Opinião Manuel Carlos Cardoso
O segundo mandato
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Sempre sustentei que, invariavelmente, o segundo mandato de um governante é infinitamente pior que o primeiro. Foi assim com FHC, com Lula, com Magalhães Teixeira e está sendo com dr. Hélio. A reeleição deveria ser proibida pela lei eleitoral, pois a experiência tem demonstrado que os governantes, no segundo mandato, quando não têm mais a possibilidade de reeleição, empurram as ações de governo com a barriga e deixam muito a desejar.
Em Campinas, três setores relevantes do governo municipal têm sido desastrosos para a população. A secretaria de Cultura, que já não era bem administrada no primeiro mandato, conseguiu piorar. Diz o secretário que faz muita coisa, mas como falha na divulgação, a população não fica sabendo. Não existe desculpa mais esfarrapada que essa. Os únicos dois teatros da cidade estão sem condições de funcionamento; a Orquestra Municipal não cumpre seus objetivos; a Virada Cultural caipira que tentaram promover foi um fiasco; os grupos teatrais, de música e de dança não têm qualquer apoio do município; e inúmeras outras mazelas estão acontecendo.
A falta de divulgação é natural, pois não há o que divulgar neste setor de tanta relevância para todos nós.
A secretaria de Transportes, que foi inoperante no primeiro mandato, resolveu trabalhar e está criando um verdadeiro caos no trânsito da cidade.
Os buracos, a indústria das multas e a falta de bom senso nas mudanças do trânsito atrapalham a vida de todos.
A operação tapa-buracos, além de lenta e sem critério, é mal executava, jogando no lixo uma montanha de dinheiro público.
Os amarelinhos, com quem eu implico tanto, são constantemente pressionados a engordar o caixa da falida Emdec, lavrando multas sem qualquer critério ou razão e não adianta recorrer, porque os recursos sequer são lidos por quem deveria julgá-los.
As mudanças no sistema Rótula vieram ratificar a falta de conhecimento técnico e de bom senso dos que comandam o setor, tornando insuportável transitar no Centro da cidade.
O terceiro setor, que nunca funcionou bem, mas que agora é um verdadeiro desastre, é o da saúde.
A administração do Hospital Ouro Verde, entregue de forma ilegal a “estrangeiros”, foi parar nas garras do Ministério Público e pouco se fala desse escândalo tão vergonhoso.
A falta de remédios e de assistência médica à população que mais precisa é flagrante e inexplicável em uma metrópole que arrecada bilhões.
Na semana passada, um número grande de pacientes idosos ficou sem atendimento porque a Prefeitura não pagou o que devia às clínicas e hospitais da cidade. Imediatamente, reconheceram o atraso nos pagamentos, prometendo que em breve vão pagar o que devem. Devem pensar que esses idosos são inoportunos e não deveriam adoecer antes da regularização da dívida.
Agora em abril, tendo em vista que Gerson Bittencourt, nosso secretário de Transportes, será candidato a deputado, haverá sua substituição, mas a população de Campinas deveria estimular também as candidaturas de Arthur Achilles e Ker Saraiva, para felicidade geral da cidade.
Ainda bem que isso não vai acontecer, porque minha dúvida em quem votar seria insuportável.
Artigo escrito por Manuel Carlos Cardoso, advogado e professor.
Fonte: Jornal Correio Popular