Saiu na Imprensa: Consulta informal indica vitória do impeachment

Levantamento mostra 31 vereadores favoráveis a relatório da CP

A reação dos advogados do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) de abandonar o plenário da Câmara Municipal de Campinas na tarde de ontem, em plena leitura do processo de 1.649 páginas, mostrou que a situação do chefedo Executivo nos bastidores não é das mais tranquilas. Levantamento informal realizado ontem pelo Correio nos corredores da Casa apontou que, pelo menos neste momento, o impeachment de Hélio pode ser apenas uma questão de tempo. Dos 33 vereadores, 31 demonstraram a tendência de acompanhar o relatório final da Comissão Processante (CP), ou seja, cassar o mandato do pedetista. Depois de demonstrar incômodo com o cenário atual dogoverno, o petista Josias Lech evitou comentar o assunto. Já Sérgio Benassi (PCdoB) foi o único que garantiu de imediato estar ao lado do governo.
Nesta lista, inclusive, estão aliados de longa data do prefeito, como os integrantes da própria legenda de Hélio, o PDT. O vereador líder do partido no Legislativo, Antonio Flôres, deixou claro o seu posicionamento favorável à cassação. Ontem, os colegas Leonice da Paz e Paulo Oya também apontaram a mudança de lado no plenário. “Estamos vendo o sofrimento do povo de Campinas. Temos que respeitar a opinião do eleitor”, admitiu Oya. Dentro dos gabinetes da Casa, o sentimento que antes era de certeza na manutenção do prefeito em seu cargo mudou completamente ao longo do dia histórico. “O prefeito já está cassado desde a segunda-feira”, comentou um parlamentar, que pediu para não ser identificado. “Desde o inicio, já sabíamos que o fim seria esse”, reforçou outro. Os dois, por sinal, próximos do Executivo até bem pouco tempo. O próprio líder de governo na Câmara, Francisco Sellin (PDT), anunciou na tarde de ontem que estava deixando o posto.
A denúncia mais recente envolvendo uma gravação com o vereador Aurélio Cláudio,também pedetista, em que se aponta uma conversa sobre a suposta compra de votos de parlamentares para manter Hélio no Paço, também pesou nas conversas ao redor do café da Casa. “Não há dúvida nenhuma (sobre a cassação)”, respondeu um parlamentar. “O ‘fator Aurélio’ definiu tudo agora”, reforçou.
Ausente na sessão de julgamento de ontem, Aurélio comentou ao Correio, anteontem, que também votaria pela cassação. “O relatório da Comissão Processante deixou clara a omissão (do Executivo) em muitos pontos”, justificou. O petista Josias Lech, que ontem preferiu evitar a polêmica, em entrevista recente foi mais direto ao assunto. “Mantínhamos um apoio por ideologia, uma defesa gratuita,mas agora ficou difícil”, apontou. Angelo Barreto é outro petista que pode votar pela cassação. Quem completa o grupo é um dos ferrenhos defensores de Hélio no Legislativo:Jaírson Canário. Até ele já falava em cassação ontem, mas tendo o cuidado de não dar uma posição sacramentada sobre o assunto. “Neste momento, eu vou pela aprovação do relatório da CP, mas vamos esperar a leitura do processo e o posicionamento dos colegas”, afirmou.
De acordo com Dário Saadi, a posição do DEM pelo impeachmentestá bem definida há mais tempo. O mesmo ocorre com o PTB de Tadeu Marcos e Jorge Schneider. Durante o início da sessão de julgamento, foi reforçado que Thiago Ferrari e Sebastião dos Santos, do PMDB, estariamfechados pelo impeachment. “Na minha opinião, (a denúncia envolvendo a suposto compra de votos) foi o tiro de misericórdia”, disse Sebastião.
O PPS, de Petterson Prado, Luiz Henrique Cirilo e Cidão Santos andava rachado há algumas semanas, mas agora também parece ter encontrado um consenso já que Cidão acena pela aceitação do que determina o relatório final da CP, que apurou o suposto envolvimento de Hélio em irregularidades na Administração. O PV, do relator da CP, Zé do Gelo, é outra legenda que deseja ver o prefeito fora do cargo. Assim, claro, como o PSDB de Biléo Soares, Artur Orsi e Valdir Terrazan. Em meio ao agitado dia de ontem, o único que não teve dúvidas ou meias palavras para defender o governo foi Benassi. Ele acabou sendo apontado pelos colegas como o possível novo líder do governo. “Nosso apoio é pragmático.Minha posição continua sendo a de contrariedade ao relatório. Cada um tem a sua postura”, comentou o vereador do PCdoB.

Placar
Durante o dia, os manifestantes fizeram um painel de placar da votação com a foto de cada vereador. Numa atitude criativa, eles chamaram os vereadores para assinar o cartaz e divulgar sua votação contra ou a favor do prefeito. O vereador Peterson Prado, um dos primeiros a assinar o cartaz, achou a atitude inusitada e que essa foi uma forma de os vereadores se comprometerem com o voto. “Isso é válido. É uma manifestação popular”, disse. (Colaborou Bruna Mozer/AAN)