SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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04/12/2008

Sindicato questiona concurso público

Leia a reportagem publicada no jornal Correio Popular, de quinta-feira (4/12)

Entidade que representa servidores vai ao MP para tentar suspender seleção na área de Educação

A direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Campinas entrou na semana passada com uma representação no Ministério Público (MP) contra a Prefeitura questionando a validade de dois concursos organizados para o preenchimento de vagas na área de Educação. De acordo com Lafaiete Pereira Biet, advogado do sindicato, não houve licitação para definir quais as instituições que organizariam os concursos em questão. Ele ainda critica a realização de um exame psicológico na primeira seleção -- no último domingo --, que, segundo a sua avaliação, seria um quesito muito subjetivo e poderia facilitar um suposto direcionamento dos aprovados. "A bibliografia pedida também foi genérica e dificultou a preparação dos candidatos. Além disso, há exigências de qualificação profissional específicas, que poucas pessoas têm. Isso dá a impressão de ser um concurso direcionado", afirmou o advogado. Mais de 47 mil pessoas se inscreveram para as duas seleções.

A representação do sindicato, que pede a suspensão dos dois concursos, está sendo analisada pelo promotor Marcos Vieira, da área de Cidadania. Ele tem 30 dias para divulgar o seu parecer.

Alguns dos candidatos ouvidos pela reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN) ainda afirmaram que, no concurso de domingo, não foi exigido qualquer tipo de identificação para que as pessoas ocupassem um lugar nas salas. Muitos pacotes de provas, também segundo os candidatos, não estavam devidamente lacrados e pessoas puderam participar do teste mesmo chegando depois do horário limite.

O primeiro concurso, para o cargo de agente de educação infantil (antigo monitor de creche), organizado pela Coordenadoria de Apoio a Instituições Públicas (Caipimes), ligado à Universidade Municipal de São Caetano do Sul, reuniu 26,3 mil pessoas inscritas para a disputa de 678 vagas. O salário é de R$ 1.252,25, mais vale-alimentação de R$ 400,00 e vale-transporte. Sobre esse teste especificamente, alguns candidatos lembraram que foi aplicada uma redação que não estava prevista no edital. "Tivemos só 20 minutos para escrever o texto, sem papel para rascunho", reclamou uma candidata, que preferiu não se identificar por receio de represálias.

O segundo teste, para professores e especialistas em Educação, coordenado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro será realizado no próximo domingo. São 20.720 candidatos para 629 vagas. Os salários variam entre R$ 1,137,86 e R$ 4.117,98, com vale-alimentação de R$ 400,00 (para jornada acima de 30 horas semanais) e R$ 200,00 (jornada entre 20 e 29 horas semanais). Os candidatos temem que os problemas se repitam.

"Não pediram o meu RG na hora de entrar na sala e nem no momento de assinar a lista de presença. Qualquer pessoa poderia estar lá no meu lugar, tranqüilamente", disse outra candidata que também pediu para não ter seu nome revelado. "Muitas questões eram confusas, com dados errados e respostas com problemas de digitação. Em alguns casos, não havia resposta correta. Tivemos que optar pela menos errada possível. Das 50 questões objetivas, pelo menos 20 tinham esses problemas", apontou uma terceira candidata ouvida pela reportagem.

Uma quarta pessoa que também fez a prova do último domingo ressaltou a desorganização por parte da equipe que aplicou a prova. "Tinham mais de cem pessoas na minha sala e todas estavam em lugares errados. Perdemos tempo organizando tudo. Quando peguei a prova, ainda percebi várias questões confusas, com erros de digitação. Muitas das perguntas, que deveriam ter um conteúdo referente ao Ensino Médio, conforme informou o edital, eram de nível superior", comentou a candidata. "A apostila de preparação também tinha vários erros de português", acrescentou.

Prefeitura

Questionada sobre o assunto, a assessoria da Prefeitura de Campinas garantiu que, para realizar os dois concursos, a Administração cumpriu regularmente todos os procedimentos de licitação. Porém, não soube precisar as datas exatas em que as licitações foram divulgadas, e definidas, no Diário Oficial do Município. A própria Prefeitura afirmou ter recebido reclamações de candidatos sobre o fato de alguns pacotes de provas não estarem lacrados no início do concurso do último domingo e já encaminhou um pedido de esclarecimentos à instituição responsável. Sobre a falta de uma efetiva cobrança dos organizadores em relação à identificação dos candidatos, a Prefeitura vai adotar o mesmo procedimento: buscar esclarecimentos. A direção da Caipimes foi procurada, mas não retornou as ligações.

A FRASE

"Esse concurso não apresentou um método de exclusão pelo conhecimento de cada um, mas uma forma sacana de prejudicar alguns candidatos."

CANDIDATA

Devolução de 2004 começou só neste ano

Depois de quatro anos de espera pela devolução do dinheiro gasto com a taxa de inscrição de um concurso público da Prefeitura de Campinas anulado por denúncias de fraudes, ainda na gestão da prefeita Izalene Tiene (PT), os candidatos começaram a ser ressarcidos em julho desse ano. O pagamento foi feito pela própria Prefeitura. Os bens da Fundação Conesul de Desenvolvimento, responsável pelo concurso, foram "congelados" pela Justiça. No primeiro lote, 6.813 pessoas foram ressarcidas no valor total de R$ 150 mil. A partir do momento em que a Prefeitura de Campinas anunciou que iria devolver o dinheiro para os candidatos, 14,3 mil pessoas preencheram o formulário de solicitação da devolução do valor da taxa. O concurso de 2004 teve 94 mil inscritos. Desse total, 87 mil pagaram a taxa de inscrição e teriam direito à devolução agora. Se todos pedissem a devolução de fato, o valor total de ressarcimento seria superior R$ 1,1 milhão. (AAN)


Fonte: Fábio Gallacci- DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

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