Uma das mais importantes referências médicas na região de Campinas, com cerca de 30 mil atendimentos exclusivos do Sistema Único de Saúde (SUS) por mês, o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti pede socorro. A constatação foi feita pelo vereador Arly de Lara Romêo (PSB), que preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na área da Saúde na cidade. O grupo ouviu ontem na Câmara o presidente e alguns diretores do hospital, que apresentaram um cenário de demandas reprimidas em várias áreas, falta de equipamentos essenciais, desgaste estrutural do prédio, além da já conhecida demora no atendimento do pronto-socorro.
O diretor operacional Walmir Cândido de Oliveira, conforme divulgou a Câmara, reconheceu que o parque tecnológico instalado no hospital com quase 40 anos de existência está defasado. “A rotatividade nos leitos seria muito maior e a permanência do paciente no hospital seria menor se tivessem mais e melhores equipamentos”, disse. “A tecnologia é o calcanhar de aquiles do hospital”, reconheceu Salvador Affonso Fernandes, presidente do hospital.
Os diretores admitiram que o gargalo de atendimento está no PS, onde, nos picos de demanda, chega a registrar espera de até seis horas. O vereador que preside a CPI ainda afirmou que, além de sofrer com seus próprios problemas, o Mário Gatti também costuma receber pacientes que deveriam ser tratados no Hospital Ouro Verde. Com 1.624 funcionários para 230 leitos, o Mário Gatti realiza uma média de 500 cirurgias por mês, um número considerado baixo pelo vereador.
“Na iniciativa privada a média é 4,5 a 5 funcionários por leito. Na rede pública chega a ser o dobro para fazer o mesmo serviço”, apontou.
Segundo o presidente do Mário Gatti, apesar de tudo, o hospital está com a sua relação leito/funcionário adequada. “As normas internacionais preconizam entre quatro e oito funcionários por leito. Nós estamos com sete.”
O diretor clínico do hospital, Wilson Honorato da Silva, ressaltou que 20% das cirurgias eletivas são canceladas em média. Tudo porque as o médicos precisam ser deslocados para atender emergências. “Somos um hospital de urgência, que a população transformou em hospital geral”, disse.
A próxima reunião da CPI da Saúde está marcada para a próxima segunda-feira, dia 26. O grupo vai ouvir diretores da Maternidades de Campinas. Além de Arly, integram a comissão Petterson Prado (PPS), Francisco Sellin (PDT), Dário Saadi (DEM), Sérgio Benassi (PCdoB), Zé do Gelo (PV) e Artur Orsi (PSDB).