SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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28/03/2012

Hospital Dr. Mário Gatti vive superlotação

Fechamento do PA Centro para reforma aumentou a procura por atendimento na unidade

A superlotação nas unidades de saúde de Campinas e as longas filas de espera já se tornaram rotina, mas na última semana o problema se agravou com o fechamento do Pronto Atendimento (PA) Centro, que passa por reforma e não há prazo para ficar pronto. Dois dos principais hospitais da cidade estão operando no limite de sua capacidade. No pronto-socorro do Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, os pacientes reclamam de uma espera no atendimento que chega a seis horas. Por sua vez, o Hospital e Maternidade Celso Pierro pede à população que não procure o atendimento de urgência e emergência da unidade por falta de capacidade de atendimento.

Com dor de cabeça, tontura e vômito, a vendedora Ana Paula Araújo aguardava das 11h até as 15h de ontem por cuidados médico no Hospital Mário Gatti e não tinha noção de quanto tempo ainda ia precisar ficar esperando. “Eu sabia que aqui era demorado, mas não tinha outro lugar para ir”, afirma. Além da espera de quase quatro horas, a operadora de telemarketing Maria Gomes de Oliveira, que levou o filho Lucas Renan, de 17 anos, para receber atendimento na unidade, reclamou do tumulto. “Nunca vi desse jeito. A entrada foi tumultuada e o atendimento foi péssimo e demorado”, reclamou.

Anteontem, à noite, a conferente Michele Barbosa dos Reis, de 19 anos, precisou levar a mãe ao hospital. Ela conta que precisou esperar por seis horas. “Sempre foi demorado, mas agora está muito pior. Chegamos às 19h e a 1h minha mãe ainda estava lá. Ela estava muito mal, com falta de ar e vomitando. Precisei brigar para ela ser atendida. Mas logo que chegamos, tinha gente que estava esperando há quase 12h, que chegou ao hospital às 8h30 e só conseguiu atendimento às 21h”, afirmou Michele.

A dor no semblante da aposentada Luzia Sebastiana de Oliveira, de 90 anos, e a revolta de seu filho Isaías Costa de Oliveira eram visíveis. Ele conta que sua mãe até recebeu o primeiro atendimento rápido, mas foi obrigada a esperar os resultados dos exames que havia feito em uma cadeira de rodas do lado de fora da recepção do hospital por quase cinco horas. “Olha a situação dela. Ela está chorando de dor. Eles podiam levá-la para esperar os exames pelo menos em um lugar mais confortável, em uma maca, ou onde ela pudesse se deitar. Está aqui, nesta posição, há cinco horas. É um descaso”, reclamou.

A dona de casa Carolina Andrade também foi atendida, mas precisou tomar a medicação intravenosa na área de espera externa improvisada pelo hospital. “O certo era esperar lá dentro, mas acho que não tinha espaço e tive que ficar aqui fora”, disse. Além das longas horas de espera, o hospital passa por reforma e teve alguns de seus espaços reduzidos ou improvisados. Na saguão de espera improvisado, os pacientes precisavam fugir das goteiras.

Demanda
O Mário Gatti nega demora exagerada no atendimento. A demanda média diária do hospital é de 500 atendimentos por dia no pronto-socorro. E o tempo de espera estimado é de quatro horas, quando o hospital chega a esse limite. Segundo a instituição, a média da última semana foi de 430 pacientes — abaixo da média máxima — e teve apenas alguns picos, como no primeiro dia de fechamento do PA Centro, quando recebeu 549 pacientes.

De acordo com o hospital, entretanto, os leitos ocupados nas salas de urgência e emergência tiveram um aumento. A média, que era de 14 pacientes ocupando macas, na última semana, chegou a picos de 18 pacientes. A Secretaria de Saúde de Campinas também foi procurada e informou apenas que uma Comissão de Urgência e Emergência foi formada e prepara um levantamento detalhado do fluxo de pacientes em todos os PAs no mesmo período do ano passado comparado a este ano, para ter a dimensão do impacto da ausência do PA Centro, o que deve ficar pronto em um mês.

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