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16/06/2008

Novo Hospital precisará de novo imposto, admite Ministro

Confira matéria publicada no Correio Popular no dia 11/06/2008 e que mostra como o governo Hélio preocupa-se apenas em inaugurar obras e não planeja a manutenção e funcionamento da mesma

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu o caráter regional do novo Hospital Ouro Verde, inaugurado com estardalhaço ontem à tarde em Campinas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mas fez um alerta. Disse que o governo federal só poderá pensar numa ajuda extra para custeio se o Congresso aprovar a Contribuição Social para a Saúde (CSS) -- o novo imposto que pretende substituir a CPMF, extinta no ano passado.

O ministro lembrou que o hospital vai beneficiar moradores pelo de menos 15 cidades da região e que, até por isso, terá um custeio alto. "Foram gastos R$ 60 milhões para construir o prédio. Vamos gastar mais R$ 60 milhões por ano para manter o hospital funcionando, recursos que saem em grande parte do Ministério da Saúde. É como se a gente construísse um Ouro Verde por ano", comparou. "É claro que o ministério está preocupado (com o custeio) e vai apoiar, mas esse apoio depende da aprovação da Emenda 29 e da alocação de recursos adicionais para o ministério", disse, numa referência direta à nova contribuição. A CSS e a Emenda 29 seriam votadas ontem na Câmara dos Deputados.

O ministro admitiu que o governo pode até estudar uma mudança no teto (número de procedimentos feitos no hospital e que são pagos automaticamente pelo Sistema Único de Saúde), mas isso só poderá ser feito se tiver de onde tirar o dinheiro. Temporão também disse que aguarda a proposta da Prefeitura de Campinas para definir o valor de repasse.

Uma multidão calculada em 5 mil pessoas acompanhou a inauguração do Complexo Hospitalar Ouro Verde que, depois de instalado em sua totalidade, promete ampliar em 25% a capacidade de internação na rede pública de Campinas. O novo hospital começa a funcionar hoje, disponibilizando inicialmente 32 leitos, dos quais dois de terapia intensiva (UTI).

Dizendo-se orgulhoso por participar da inauguração, Lula destacou que "a ocupação de um hospital tem que ser paulatina, para aperfeiçoar os processos sem perder a qualidade". Lula lembrou que a unidade atende a um anseio e necessidades antigas da população da região. "Você pode dizer, Hélio: 'não estou tirando nada de quem mora no Centro, apenas tornando o povo de Campinas mais igual, levando para a parte pobre da população aquilo que a parte rica já tem'", concluiu.

O prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) também ressaltou que o Hospital Ouro Verde é um sonho da população do outro lado da Anhangüera. "Sonho este que se concretizou graças ao apoio do presidente Lula e do ministro José Gomes Temporão." Hélio destacou que, além de inovação tecnológica, a unidade vai capacitar equipes para captação e transplantes de órgãos, atender traumas e desenvolver programas de reabilitação para o Interior do Estado. "Trata-se de um hospital de primeira linha."

Expectativa

A expectativa é de que o novo hospital, que será administrado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), chegue a 62 leitos na primeira fase de implantação em 90 dias, passando para 120 leitos em cinco meses e, atendendo em capacidade plena -- com seus 219 leitos, sendo dez de UTI adulta e dez de pediátrica -- em oito meses.

O secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, disse que a unidade vem suprir uma carência crônica de leitos hospitalares. "Nos últimos anos, o número de leitos em Campinas diminuiu na proporção inversa do crescimento da demanda e da complexidade", afirmou Saraiva.


Fonte: Jornal Correio Popular-11/06/2008

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