A Prefeitura de Campinas prepara um estudo para a readequação completa do sistema viário no entorno de duas obras em execução na cidade — um shopping no Jardim Ipaussurama e um condomínio no Swift —, e dará prazos para o cumprimento das mudanças, sob pena de embargo das construções.
No Ipaussurama, região do Campo Grande, o foco são as obras do Bandeiras Parque Shopping, da construtura Racional Engenharia. A medida no local é tida pelo secretário municipal de Urbanismo, Luis Yabiku, como uma “ação compensatória”, pelo grande aumento da demanda de tráfego que será gerado pelo empreendimento. A vizinhança ainda receberá, no médio prazo, uma faculdade, o que complicará a situação das vias ainda mais. A inauguração do shopping está marcada para outubro de 2012.
Na região do Swift, a Administração fará o mesmo pedido de adequação para a Goldfarb, que levanta empreendimentos imobiliários próximos da Universidade Paulista (Unip). Neste caso, Yabiku faz questão de esclarecer que o risco de embargo é muito pequeno, pelos impactos viários serem menores.
Assim que forem apresentados os estudos, realizados por técnicos da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, os empreendedores serão informados das propostas e terão um prazo—que será estipulado caso a caso — para fazerem as intervenções necessárias. “Uma intermediação simples na sinalização das ruas e no sistema semafórico já resolveria o caso do Swift. Quero deixar isso bem claro para que os compradores dos imóveis não entrem em pânico. Não pensamos em medidas extremas ali. Já a situação do Ipaussurama exige mais atenção. Será necessário fazer uma via marginal na área para absorver o fluxo, por exemplo”, diz o secretário.
Apesar disso, Yabiku informou que já foi aprovado um novo empreendimento residencial no Swift. Este exigirá adequações de grande porte no setor viário futuramente. O nome da empresa responsável não foi revelado, mas se sabe que os empresários já mantêm conversas com a Prefeitura para respeitar os passos necessários para iniciar o trabalho.
O próprio chefe da pasta de Urbanismo tem acompanhado de perto as reuniões. “Vamos cumprir tudo o que determina a lei para não termos problemas mais para frente, como esses que estamos enfrentando agora”, comenta Yabiku, lembrando da situação do Parque Jambeiro, com obras embargadas desde junho por falta de estudos prévios obrigatórios de impacto viário e drenagem. A assessoria da Goldfarb afirma ter respeitado todos os trâmites nas obras do Swift.
No Ipaussurama, próximo do Campus 2 da Pontifícia Universidade Católica (PUCCampinas), o shopping em obras terá 57.976 metros quadrados e capacidade para 280 lojas. Ele será levantado dentro de uma área total de 320 mil metros quadrados. Serão quatro pavimentos: um para o supermercado, dois destinados às lojas e um pavimento de praça de alimentação, restaurantes e cinemas. Somado à futura faculdade e à estrutura já existente da PUC, a promessa é de caos se nenhum planejamento viário for feito neste momento.
Projeto
Em nota oficial, a assessoria da Racional Engenharia informou que o projeto viário em torno do shopping foi elaborado a partir de estudos feitos sobre a demanda necessária na região, seguindo as diretrizes estabelecidas pela Secretaria de Planejamento e “devidamente aprovado” pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). “Aproveitamos para informar que o projeto do shopping está aprovado e todas as licenças necessárias para a obra foram emitidas. As obras seguem de acordo com o projeto aprovado”, relata a nota. “Desde o primeiro momento, a direção do Bandeiras Parque Shopping sempre esteve e continuará disponível para ouvir e esclarecer qualquer posição sobre o empreendimento.”
Yabiku, por sua vez, diz que o projeto aprovado do shopping dava conta de que seria uma estrutura de pequeno porte, que teria aumentado com o passar do tempo. “Hoje ele está de sete a oito vezes maior do que havia sido planejado no começo”, diz o secretário. A assessoria da construtora não aborda o assunto em sua nota.
Outras obras
Termina no final da próxima semana o prazo de 15 dias estipulado pela Prefeitura para concluir os estudos que podem promover o desembargo de empreendimentos no Parque Jambeiro, paralisados desde junho por falta de estudos prévios obrigatórios de impacto viário e drenagem. São cerca de 11 mil unidades habitacionais no local.
Na semana passada, a Administração anunciou que realiza um trabalho técnico envolvendo pelo menos cinco secretaria e as construtoras que têm obras ali, a Goldfarb e a MRV. Além das melhorias viárias e de drenagem para suportar o aumento da população local e do movimento de veículos, a ideia também é instalar equipamentos públicos no bairro como creche, posto de saúde e áreas de esporte e lazer.
Para dar agilidade ao trabalho, os técnicos da Prefeitura utilizaram dados dos projetos das macrozonas, pareceres e dados de secretarias.