Atracada às margens da Lagoa do Taquaral desde março de 2008, quando 100 mil litros dágua invadiram a estrutura
Em janeiro, o Correio apurou que o custo da obra de recuperação da Caravela pode chegar a R$ 1,2 milhão, valor que ultrapassa em muito o cálculo inicial do atual secretário da pasta de Serviços Públicos, Valdir Terrazan. “Foram gastos até agora cerca de R$ 350 mil, somente em compras, que é o que tenho conhecimento. Estamos fazendo um levantamento das sobras desse material, criando um inventário. Uma pequena parte da madeira está num depósito da Prefeitura. O que pretendemos é remover para o local em que está a caravela”, diz ele, que pretende visitar o estaleiro esta semana.
A reportagem teve acesso ao “estaleiro” desativado. Em muitos pontos, o mato alto serve de abrigo a gatos e insetos. Aranhas fizeram teia no que restou da parte superior da caravela: deixada ao chão e descoberta, a estrutura aparenta estar completamente comprometida. Já a parte inferior da embarcação (convés baixo), que foi parcialmente recuperada, está mal conservada, deteriorando-se. Segundo Terrazan, se chove, a estrutura é coberta com lonas, ainda que de forma precária.
Os tapumes que separam a nau da pista de corrida e do trilho do bondinho também estão estragados. Canos, restos de madeira polida, galhos, latas e outros materiais espalhados pelo lugar são pistas de abandono. Da Escola de Aprendiz de Carpintaria Naval, onde cerca de 80 presidiários em regime semiaberto já participaram de atividades e contribuíram na reconstrução do convés baixo, só resta a estrutura azul, mantida fechada com cadeado, segundo frequentadores do parque.
A Prefeitura reconhece a inatividade desde a interrupção da reforma. “O treinamento de mão de obra de reeducandos tem uma rotatividade alta porque, quando uns internos do sistema prisional ganham liberdade, outros entram. Aí entra o lado social, que é válido e deve ser mantido. Mas acaba causando entrave”, diz Terrazan.
Quem viu a Anunciação campineira ser construída, na década de 70, lamenta a situação. “Acho que essa história de reforma foi só lavagem de muito dinheiro. Por que só se arrasta?”, questiona a assistente social Suselei Aparecida Tavares Cândido. “Quando morava em Brasília, fazia questão de citar esse navio como cartão-postal. Hoje, só lamento”, disse o autônomo Ubirajara Tavares Cândido.
Em janeiro do ano passado, o Correio noticiou que, segundo a Prefeitura, a conclusão da obra estava marcada para agosto. À época, o diretor do Departamento de Parques e Jardins, Edson Roberto Navarrete, afirmou que foi a segunda parte do projeto, que trata das obras do casco, que emperrou a reforma. Terrazan, que assumiu os Serviços Públicos em 27 de janeiro, afirmou que tenta uma parceria para levar o restauro adiante.
Fonte: RAC