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01/04/2012

Hospital superlotado agrava caos na Saúde

Alta demanda e obra causam filas de até 12 h no Celso Pierro

O Hospital Celso Pierro da PUC-Campinas, uma das unidades que poderia desafogar o serviço de urgência e emergência na cidade, enfrenta um grave problema de superlotação provocado pelo excesso de demanda e por causa de uma obra que está sendo feita no local. O Pronto-Socorro Adulto possui oito leitos de urgência e emergência e estava comportando, na última terça-feira, 41 pacientes internados, 512% acima da sua capacidade.

A situação levou a direção do hospital a pedir o apoio da imprensa, nesta semana, para orientar a população a não procurar o atendimento de urgência e emergência no local. Mas o quadro não mudou muito e, ontem, o PS estava com 34 pacientes internados, número 425% superior à sua capacidade.

Um médico ouvido pela reportagem conta que a situação enfrentada pelos profissionais da unidade é delicada. “Não dá para fazer muita coisa com um quadro como esse. Se você tem capacidade para atender oito pessoas e coloca 40, não pode haver conforto”, afirmou o profissional, que pediu sigilo da identidade. Como consequência, os casos menos graves podem demorar até 12 horas para serem atendidos, conforme informa uma placa colocada logo na recepção do pronto-socorro. Todo mundo que chega, com exceção dos casos extremos, que vêm com a ambulância, passa por uma triagem e recebe uma classificação de risco em cores, para ordenar a prioridade de atendimento. Os pacientes classificados com a cor azul, os casos mais leves, chegam a esperar 12 horas por atendimento. Pacientes com classificação amarela ficam até cinco horas no aguardo.

Teste de paciência

Quem buscou atendimento ontem no Celso Pierro precisou ter paciência ou preferiu mudar de unidade. O casal de aposentados Jovelina da Silva e Francisco Celestino foi até o local, mas teve que buscar ajuda na unidade de Pronto Atendimento do bairro Campo Grande.

“Eles disseram que a espera para o caso dela era de cinco horas e que era melhor a gente vir para cá”, afirmou Celestino. Jovelina está com uma infecção urinária e chorava de dor na sala de espera do PA Campo Grande. “Ela veio chorando de dor, estamos aqui esperando, mas certamente será mais rápido”, disse Celestino.

Campinas vive uma das maiores crises no setor e sofre com falta de médicos na rede pública de saúde, desabastecimento de medicamentos e insumos, além de deterioração de prédios públicos e insegurança nos postinhos.

O setor de urgência e emergência é um dos que mais sofrem as consequências. A direção do Celso Pierro foi procurada ontem para comentar os problemas na unidade, mas nenhum representante foi localizado até o fechamento dessa edição.


PAs e Mário Gatti sofrem com falta de funcionários
Usuários passam por uma verdadeira via crúcis para conseguir atendimento

A superlotação das unidades de pronto atendimento não é exclusividade do Hospital Celso Pierro, as três unidades de pronto atendimento mantidas pela Prefeitura e o Hospital Municipal Mário Gatti sofrem com o aumento da demanda e a falta de funcioná- rios. Essa superlotação é também reflexo da falência das unidades básicas, que estão em sua maioria sucateadas.

“Hoje eu tive sorte e o prontosocorro não está cheio, mas já vim aqui e fiquei seis horas esperando por atendimento”, conta a costureira Rosalina Campos, que esperou duas horas até ser atendida na unidade de pronto atendimendo Campo Grande.
Sua filha Eliana Oliveira Campos percorreu uma verdadeira via crucis até conseguir ser atendida. “Eu moro no São Bernardo e fui para o Mario Gatti, que fica mais próximo de casa, e lá estava lotado. Depois passei no PA Centro e descobri que estava fechado. Liguei para a minha mãe e ela disse que aqui estava tranquilo, foi então que vim para o Campo Grande”, contou a moça, que teve que atravessar a cidade para conseguir ser atendida. No PA Anchieta, a situação não é diferente. A auxiliar de cozinha Sueli Maria da Silva diz que chegou às 7h20 na unidade e só conseguiu sair às 11h20 para enfrentar mais fila, dessa vez no Centro de Saúde que fica ao lado, para a retirada de medicamentos.

Moradora do Parque Shalon 2, ela disse que andou muito de ônibus até chegar ao local “Moro longe, mas esse é o pronto-socorro mais perto de casa”, contou.

O PA São José também estava cheio, principalmente com crianças. Uma delas era a pequena Elisa Novaes, de um ano. A menina teve uma crise de bronquite e foi rapidamente atendida.

Por meio de nota, Edison Martins Silveira, diretor de Saúde da secretaria informou que uma das metas da pasta é conseguir montar 140 equipes de Saúde da Família (que ficam sediadas nos Centros de Saúde) — hoje são cem equipes. Para isso será preciso contratar mais 160 médicos.

A secretaria também estuda conceder melhoria salarial, com o acréscimo do índice de produtividade, para melhorar a competitividade dos salários pagos por Campinas na Saúde. O estudo já está, segundo o diretor, em fase adiantada. Outra providência é a melhoria das condições de trabalho.

Fonte: Correio Popular

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