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25/03/2008

Demitido protetor de "fantasma"

A Prefeitura de Campinas demitiu Sylvio Pires de Campos Neto, protetor de Israel Mazzo, o "Mazzinho", que, além de "fantasma" da Administração Regional 7 (AR-7), é diretor-geral da Câmara de Campinas e vereador de Jaguariúna pelo PMDB. Em todo o ano passado, apesar de nunca ter colocado os pés na repartição do Executivo, Mazzinho continuou a receber o salário de R$ 13 mil pago pelo Legislativo campineiro.

De acordo com a Prefeitura, a exoneração, publicada no Diário Oficial (DO) da última sexta-feira, ocorreu por "quebra de confiança". Campos Neto, além de pedir o empréstimo de Mazzinho à Câmara, também abonou a folha de presença do funcionário do Legislativo, o que lhe garantia o pagamento do salário. A condição de "fantasma" foi revelada há 33 dias pelo Correio e comprovada pela sindicância da Administração municipal aberta para investigar a denúncia. Essa não é a primeira vez que Campos Neto é demitido pelo prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT). No ano passado, ele foi exonerado após denúncias de irregularidades em sua gestão. Porém, foi readmitido como assessor da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura.

O coordenador de Comunicação, Francisco de Lagos, disse ontem que a demissão foi por quebra de confiança, já que houve a comprovação de que Mazzinho efetivamente não trabalhava na AR-7. "Esse cidadão (Mazzinho) não trabalhou e ele (Campos Neto) atestava a freqüência, com base em um ofício que ele mesmo pediu", ressaltou Lagos, referindo-se ao fato de que a portaria de autorização da cessão publicada no DO era do presidente da Câmara de Campinas, Aurélio José Cláudio (PDT). A autorização de empréstimo ou solicitação de funcionários só pode ser oficializada a partir de pedido do prefeito.

Aurélio, na época da denúncia, disse apenas que deu continuidade a um ritual que estava sendo feito há mais de sete anos. Mazzinho, que é funcionário efetivo da Câmara, era cedido sistematicamente desde 2001 para outros órgãos e voltou a exercer a função no mês passado.

Porém, é fato que Aurélio mantém estreita relação com Campos Neto. Nos bastidores, comenta-se que ex-coordenador é braço-direito do pedetista que, inclusive, o indicou para ser o administrador da AR-7. Por sua vez, Campos Neto foi companheiro de partido de Mazzinho. Os dois eram correligionários do antigo PFL, hoje DEM, de Jaguariúna -- partido pelo qual Mazzinho foi eleito. Ele trocou a legenda pelo PMDB.

Em sua defesa, Mazzinho, quando questionado sobre o fato de nunca ter trabalhado na AR-7, respondeu apenas que "não ia muito à Regional" e que "fazia trabalho de campo". Apesar da confirmação de sua ausência na repartição pública, Aurélio disse que irá esperar o resultado da sindicância aberta na Câmara para decidir qual será a decisão que tomará em relação ao funcionário de carreira.

Livre

A Prefeitura, porém, livrou o atual administrador da AR-7, Maurício Simões Augusto, que também abonou a folha-ponto de Mazzinho. "Ele foi levado a acreditar que o cidadão estava liberado", justificou Lagos. Simões Augusto e Campos Neto sofriam processo administrativo, instaurado após o encerramento da sindicância interna, para apurar para apurar responsabilidades. O relatório da sindicância foi encaminhado ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).

A reportagem ligou para o assessor e ex-administrador Campos Neto ontem, mas não conseguiu falar com ele, já que o celular estava desligado.


Fonte: Correio Popular - 25/03/2008

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