SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE CAMPINAS
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10/07/2008

Servidor protesta contra co-gestão no Ouro Verde

Funcionários públicos municipais se dizem alvo de discriminação e assédio moral

Funcionários do Complexo Hospitalar Ouro Verde cobraram ontem (3/7/2008), durante uma assembléia do Sindicato dos Servidores Municipais de Campinas, uma posição da Prefeitura em relação ao convênio firmado com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mais de 30 servidores que compareceram à reunião alegaram que estão passando por situações de humilhação, sofrem diariamente assédio moral e são discriminados diante dos funcionários da universidade, que chegam de cidades como Piracicaba e Diadema, todos os dias, em vans. O sindicato também formou ontem uma comissão com cinco integrantes para tentar achar uma saída e pretende se reunir com o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, para apresentar as denúncias.

Um dos coordenadores do sindicato, Jardirson Tadeu Cohen Paranatinga, também entrou com uma representação no Ministério Público Estadual (MP) ontem questionando novamente o sistema de co-gestão do hospital pela Unifesp e a Associação para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). A primeira medida foi ingressar com uma ação na Vara da Fazenda Pública mostrando que o convênio foi firmado sem licitação e um dos diretores -- Gilberto Luiz Scarazatti -- é funcionário da Prefeitura e também superintendente do hospital. Na ação, o sindicalista informa que a SPDM não poderia fechar acordo com a Prefeitura por falta de capacidade financeira. Um levantamento contratado apontou que a empresa possui 2.932 protestos.

Durante a assembléia de ontem, os funcionários denunciaram também o descaso da Unifesp com os servidores públicos. "Não temos mais direito ao café da manhã. No jantar, se estamos auxiliando no atendimento de qualquer paciente, temos de parar para comer, pois a refeição só é servida às 19h30", afirmou Maria Terezinha Mariana, que trabalha no hospital há 11 anos.

Outro funcionário que preferiu não se identificar disse que os médicos ficam assistindo televisão e eles são obrigados a dizer aos pacientes que o atendimento demora, pois os profissionais estão ocupados. A reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN) confirmou com os pacientes a demora no atendimento.

A estudante Vanessa Rodrigues disse que sua mãe esperou mais de quatro horas para se consultar e, mesmo assim, ainda teve problema. "Primeiro, que ela está sentindo dores fortes nas costas, na região dos pulmões e a enfermeira disse que para resolver isso não precisava de médico. Com muito custo, conseguimos o atendimento. Mas ela esperou mais ainda para fazer os exames", contou Vanessa.

Os servidores reclamam também do assédio moral que estariam sofrendo por parte dos seguranças. "Quando o chefe da segurança do hospital veio montar a equipe, ele disse, claramente, que agora os servidores iriam começar a trabalhar. No meu entender, ele chamou todo mundo de vagabundo", afirmou Terezinha.

Outra denúncia dela foi a falta de materiais. "Tivemos um paciente com perfuração no tórax e que precisava realizar uma drenagem. Tinha apenas um kit na sala. O médico contaminou e um auxiliar teve que ir até o estoque, que fica do outro lado, pedir autorização para retirar mais um", contou Terezinha.

Além disso, ela e as colegas de trabalho afirmaram que os funcionários da Unifesp são tratados de maneira diferente. Disseram que a comida, a hora de descanso e as salas são separadas.

Outro lado

O secretário de Saúde afirmou que as reclamações dos funcionários são normais diante das modificações. "Nós temos agora o sistema de co-gestão. É claro que muda o horário, as folgas e tudo isso precisa ser adaptado. Agora, se está ocorrendo caso de assédio moral e humilhação, é preciso denunciar para que seja investigado", disse Saraiva.

Ele ainda afirmou que a demora no atendimento deve ser resolvida dentro de 40 dias. "Foi aberto o processo de contratação de médicos dentro de um plano de cargos e carreiras. Poderemos contar em breve com mais de 300 profissionais. Isso deve resolver a demora e melhorar os serviços de urgência, que consideramos essencial ser humanizado", considerou Saraiva.

Já o coordenador da Unifesp, responsável pelo Complexo Ouro Verde, Gilberto Scarazatti, afirmou que as denúncias dos funcionários não procedem e que muitos deles tentam com isso mudar de local de trabalho. "Volto a repetir que temos mudanças na gestão e que tudo isso deve melhorar com o tempo. Mas acredito também em objetivos políticos nesse caso", afirmou Scarazatti.

Essa também é a opinião da SPDM, que em nota oficial declarou "interesses contrariados" e "defesa de privilégios pessoais" na a ação popular que acusa irregularidades no convênio de co-gestão do Hospital Ouro Verde.


A FRASE

"Eu moro perto do hospital e não tenho motivo nenhum para pedir transferência para outro lugar. Mas, se a situação não melhorar, essa será minha única saída. Estão chamando os servidores de vagabundos."

MARIA TEREZINHA MARIANO
Auxiliar de enfermagem

(reportagem publicada em 4/7/2008)


Fonte: Milene Moreto - Agência Anhanguera - 04/07/08

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