Após greves que somaram cerca de 150 dias e muita luta do Sindicato dos Servidores, trabalhadores tiveram uma grande vitória com diminuição de 40 horas para 36 horas semanais
No momento em que o mundo e o Brasil discutem a redução da jornada de trabalho, os servidores de Campinas são exemplos da luta por direitos e estão na vanguarda desse movimento. Há 24 anos, após um ciclo de greves que somaram cerca de 150 dias, os trabalhadores conseguiram uma GRANDE VITÓRIA na Campanha Salarial com a redução de 40 horas para 36 horas semanais de trabalho. A nova jornada foi estabelecida na Lei Municipal nº 10.567/2000 e passou a vigorar a partir de 1º de julho do mesmo ano.
Mas a luta do Sindicato dos Servidores de Campinas não parou por aí. Posteriormente, a entidade e os trabalhadores conseguiram uma nova redução para 32 horas semanais para os Agentes de Educação Infantil. Atualmente, os funcionários públicos de Campinas têm jornadas básicas de 36 horas semanais, 32 horas ou 30 horas semanais, dependendo do cargo, além de jornadas específicas menores, como em cargos da Saúde e da Educação.
O coordenador-geral do Sindicato dos Servidores de Campinas (STMC), Tadeu Cohen, afirma que o serviço público de Campinas é um exemplo de luta por direitos e pela qualidade de vida do trabalhador. “Somos um sindicato e uma categoria de luta que conseguiu há mais de 24 anos conquistar a redução da jornada de trabalho sem corte de salários. Somos um exemplo de que a medida dá certo e garante mais qualidade de vida aos trabalhadores. Estamos na vanguarda desse movimento que hoje se espalha pelo mundo. Os servidores públicos de Campinas já provaram que é possível reduzir a jornada mantendo a qualidade do atendimento da população”, diz.
O ex-coordenador do STMC e funcionário de carreira há mais de 37 anos na Prefeitura de Campinas, Fábio Custódio, destaca que qualquer redução de jornada no mundo do trabalho contribui para a geração de empregos. “Isso acontece seja na iniciativa privada ou no setor público, sobretudo se pudermos controlar e reduzir as horas extras. Podemos afirmar que a redução da jornada de 40 horas para 36 horas semanais (10%) na Prefeitura de Campinas correspondeu a uma necessidade de ampliação do contingente de 25% a 30%, sem considerar o aumento populacional e das demandas”, estima.
Além de gerar mais postos de trabalho, Custódio observa que a redução da jornada tem impacto positivo na qualidade de vida do servidor e na saúde. “As jornadas extensas levam os trabalhadores a ficarem cada vez mais adoecidos e suscetíveis a sofrerem acidentes de trabalho. Temos certeza de que as reduções de jornada de trabalho conquistadas pelos servidores da Prefeitura de Campinas contribuíram e contribuem para a qualidade de sua saúde física e mental. Com mais tempo, os servidores também podem estudar, se dedicar à família e aproveitar atividades culturais”, analisa.
Tadeu Cohen diz que o Sindicato dos Servidores de Campinas está engajado no atual movimento pelo fim da desumana escala 6x1 que hoje obriga trabalhadores a terem apenas um dia de descanso por semana. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de autoria da deputada federal Erika Hilton conseguiu as assinaturas necessárias para tramitar na Câmara Federal. “Queremos mostrar aos companheiros e companheiras de outros setores da economia que é possível manter empregos, salários e garantir mais saúde para os trabalhadores com a redução da jornada. Vamos mostrar o nosso exemplo bem-sucedido e apoiar as ações para que a classe trabalhadora tenha mais qualidade de vida e condições dignas de trabalho”, afirma.
Durante a celebração do Dia da Proclamação da República, no feriado desta sexta-feira (15), movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais vão realizar uma mobilização em todo o país para defender a PEC do Fim da Escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho.
