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31/07/2017

Uma carreira de dedicação e amor pelas crianças

“Eu me preocupava principalmente com as crianças que tinham pouco desenvolvimento, eram muito levadas, ou muito críticas. Eu dava atenção. Daí a gente criava uma ligação muito grande. Lembro que uma dessas crianças, inclusive, andou pela primeira vez comigo. Eu chorei de tanta emoção”


Depois de 17 anos de trabalho como monitora nas creches de Campinas, Maria Bernardete Schiavolin Duarte relembra com carinho e saudades dos seus colegas de profissão e, principalmente, das crianças.
 
A carreira de Bernardete no serviço público veio da necessidade da família. Após seu casamento, ela já tinha decidido que cuidaria dos filhos,  mas o marido ficou desempregado e ela resolveu prestar concurso. “Fiquei 17 anos na Prefeitura. Entrei por acaso. Até a minha forma de entrar foi engraçada. Eu fui ver o resultado do concurso e não tinha passado. Só que eu achei estranho. Pensei: ‘Nossa, eu fui tão bem’. Daí fui falar com a moça. Me lembro até hoje o nome dela, a Kátia. Percebi que tinham colocado a nota errada. Em vez de 7,2, colocaram 1,2. A minha classificação foi lá em cima. Eu entrei logo na primeira turma. Eram 180 vagas”, conta.
 
Mas nem tudo foram flores em sua carreira. Quando começou a trabalhar, Bernardete disse que foi rejeitada na unidade. Na época, ela ela estava na Creche Brígida Chinaglia Costa, no Jardim Paranapanema. “Lá, a maioria era funcionário comissionado. Nós chegamos e eles foram demitidos. Nós não fomos bem recebidos. Muito pelo contrário. A gente perguntava alguma coisa e recebia como resposta um ‘se vira’. Ninguém ensinava nada”, disse.
 
Bernardette chegou a ficar doente. Pensou em desistir e, por insistência do marido, resolveu ficar mais um período. “Foi aí que as coisas começaram a melhorar e eu me apaixonei pela profissão. Como foi gratificante acompanhar o crescimento de tantas crianças de Campinas e contribuir com a saúde delas, com a educação e com a estrutura familiar”, afirmou. 
 
Além de se apaixonar pela profissão, Bernardete também contou que brigou e ainda hoje briga por mais direitos para a categoria. “A gente pegou o período de 8 horas de trabalho. Depois eu batalhei muito no conselho para melhorar as leis. Participei da equipe para gente conseguir as 6 horas e vim para o sindicato. Quando eu entrei no serviço público, sempre me falaram que a gente não tinha direito a nada. Se morria alguém da família, as pessoas falavam que a gente não tinha direito de faltar”, disse.
 
Aposentada, ela conta que sente muita saudade de seus amores: as crianças. “Eu me preocupava principalmente com as crianças que tinham pouco desenvolvimento, eram muito levadas, ou muito críticas. Eu dava atenção. Daí a gente criava uma ligação muito grande. Lembro que uma dessas crianças, inclusive, andou pela primeira vez comigo. Eu chorei de tanta emoção”, disse.

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