Depois de 17 anos de trabalho como monitora nas creches de Campinas, Maria Bernardete Schiavolin Duarte relembra com carinho e saudades dos seus colegas de profissão e, principalmente, das crianças.
A carreira de Bernardete no serviço público veio da necessidade da família. Após seu casamento, ela já tinha decidido que cuidaria dos filhos, mas o marido ficou desempregado e ela resolveu prestar concurso. “Fiquei 17 anos na Prefeitura. Entrei por acaso. Até a minha forma de entrar foi engraçada. Eu fui ver o resultado do concurso e não tinha passado. Só que eu achei estranho. Pensei: ‘Nossa, eu fui tão bem’. Daí fui falar com a moça. Me lembro até hoje o nome dela, a Kátia. Percebi que tinham colocado a nota errada. Em vez de 7,2, colocaram 1,2. A minha classificação foi lá em cima. Eu entrei logo na primeira turma. Eram 180 vagas”, conta.
Mas nem tudo foram flores em sua carreira. Quando começou a trabalhar, Bernardete disse que foi rejeitada na unidade. Na época, ela ela estava na Creche Brígida Chinaglia Costa, no Jardim Paranapanema. “Lá, a maioria era funcionário comissionado. Nós chegamos e eles foram demitidos. Nós não fomos bem recebidos. Muito pelo contrário. A gente perguntava alguma coisa e recebia como resposta um ‘se vira’. Ninguém ensinava nada”, disse.
Bernardette chegou a ficar doente. Pensou em desistir e, por insistência do marido, resolveu ficar mais um período. “Foi aí que as coisas começaram a melhorar e eu me apaixonei pela profissão. Como foi gratificante acompanhar o crescimento de tantas crianças de Campinas e contribuir com a saúde delas, com a educação e com a estrutura familiar”, afirmou.
Além de se apaixonar pela profissão, Bernardete também contou que brigou e ainda hoje briga por mais direitos para a categoria. “A gente pegou o período de 8 horas de trabalho. Depois eu batalhei muito no conselho para melhorar as leis. Participei da equipe para gente conseguir as 6 horas e vim para o sindicato. Quando eu entrei no serviço público, sempre me falaram que a gente não tinha direito a nada. Se morria alguém da família, as pessoas falavam que a gente não tinha direito de faltar”, disse.
Aposentada, ela conta que sente muita saudade de seus amores: as crianças. “Eu me preocupava principalmente com as crianças que tinham pouco desenvolvimento, eram muito levadas, ou muito críticas. Eu dava atenção. Daí a gente criava uma ligação muito grande. Lembro que uma dessas crianças, inclusive, andou pela primeira vez comigo. Eu chorei de tanta emoção”, disse.