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13/04/2015

A Educação Integral e a negligência da Prefeitura de Campinas

O conceito de integral como rege o dicionário se refere ao todo, ao inteiro e, por fim, ao global.
 
Esse modelo de educação começou a ser debatido no Brasil em 2007, quando o governo federal lançou o “Programa Mais Educação”, com objetivo de aumentar a oferta de atividades optativas em escolas públicas, de acordo com a demanda da unidade educacional e da comunidade.
 
No ano passado, foi aprovado o Novo Plano Nacional de Educação, que tramitava no Congresso desde de 2010. O documento estabelece que até 2024 metade das escolas públicas deve garantir o ensino integral. Ou seja, em 10 anos 25% dos alunos terão de passar sete horas dentro da escola.
 
No ano de 2013, especificamente no mês de agosto, o Prefeito Municipal Jonas Donizette, anunciou aos sete cantos da cidade, a implantação da Escola de Educação Integral, a partir do ano de 2014 (duas escolas) e para 2015, mais três escolas. Este novo modelo de educação, segundo fontes da própria Prefeitura, deveria estar acontecendo nas unidades, com aulas diferenciadas, como artes, esportes e cultura, aulas de iniciação musical, teatro, horta e até aulas de robótica, além de recursos humanos e físicos adequados.
 
Segundo fala da Secretária Municipal de Educação em 28/01/2015: “O objetivo é oferecer uma educação com excelência, ampliando o tempo do aluno na unidade educacional e, assim, aumentar as horas de estudo, do uso da biblioteca e do laboratório de informática, além de proporcionar mais práticas esportivas e artísticas”.
A prática é dura, o que encontramos contrapõe as propostas e promessas do Governo, a situação é caótica e merece denúncia a cidade. Se de um lado o discurso seduz, na prática a realidade é cruel com os alunos e profissionais que enfrentam o dia - a dia repletos de dificuldades e desafios.
 
Para a implementação dessa novo modelo de atendimento, pouquíssimo foi feito para estruturar as escolas nos aspectos físicos, pedagógicos e humanos. Em roteiro de visita, feito a estas unidades, pudemos apurar os seguintes fatos:
 
• A escolha de implementação foi situação imposta pela SME, em todas as unidades; sendo de cima para baixo, não houve debate democrático envolvendo todos os profissionais;
• Alunos ociosos sem professores para administrar as aulas; essa falta de professores aparece nas cinco unidades;
• A grade curricular devido aos problemas está comprometida, não cumprindo horário de 7 horas de aula, quase todos os dias os alunos saem mais cedo;
• Falta de funcionários de apoio, como inspetores, zeladores, pessoal da limpeza, deixando assim as unidades abandonadas na limpeza;
• A gestão das unidades também estão incompletas, falta orientador pedagógico, vice diretor e até direção;
• Aos professores diante o exposto, está sendo recusado horários de intervalo, de lanche e de almoço, descumprindo o que determina a lei das 5 horas ;
• Salas de aulas superlotadas, além do não cumprimento do atendimento aos alunos com deficiência através dos cuidadores, impossibilitando assim a frequência destes alunos as aulas;
• A eminência da extinção do Programa Mais Educação, e mais Cultura também é fato consumado e de prejuízo pedagógico a estas unidades; 
• Salas de aula improvisadas (adaptadas), feitas até dentro de quadras de esportes, puxadinhas aqui e ali. As salas de vídeo, de artes, de laboratório, estão na maioria das escolas, sendo usadas como sala de aula regular, pois os espaços são insuficientes, onde, por exemplo, precisaria de 23 salas de aula, há 15;
• Número insuficiente de salas, em três delas havendo revezamento de salas, as crianças, jovens e professores se locomovem o tempo todo, com mochilas e malas, pois nem armários tem. Malas de rodinhas passaram a ser os armários móveis. Ainda nos momentos de chuva todos se locomovem debaixo d’água;
• Em uma das unidades o refeitório é completado com duas tendas escolares, para alimentação das crianças; Nas que foram construídas o espaço é insuficiente, para o número de alunos tendo revezamento nos horários;
• Material escolar, e nem uniformes chegaram às escolas, os que foram entregues (poucos) é sobra do ano passado;
• A verba do conta - escola tem sido usada, para compras que a própria Prefeitura poderia fornecer, garfos, pratos, construções de refeitórios, quiosques para serem salas de aula, inclusive.
 
Em face ao que está exposto, o STMC não pode compactuar com a farsa da Escola de Educação Integral.  Diante do que relatamos e comprovamos através de fotos, estaremos nos próximos dias organizando plenária com os profissionais destas unidades para os devidos encaminhamentos de organização e mobilização.

Fonte: STMC

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