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08/09/2011

Saiu na Imprensa: Vaias e protesto marcaram desfile

Prefeito foi vaiado durante hasteamento da bandeira e deixou palanque antes do fim da cerimônia

O desfile cívico-militar em comemoração ao Dia da Pátria em Campinas levou milhares de pessoas à Avenida Francisco Glicério e foi marcado por protestos contra a corrupção e pela inclusão social. Com a cidade em meio à maior crise política da sua história, o prefeito Demétrio Vilagra (PT) foi vaiado ao ser anunciado para hastear a bandeira brasileira, no Largo do Rosário, no início das comemorações.

O prefeito manteve a postura e o semblante, voltou para o palanque e permaneceu o tempo todo rodeado por secretários. Sorriu e distribuiu acenos, no momento em que uma fanfarra do Exército abriu os desfiles, executando a clássica marcha Avante, Companheiros, às 8h20.

Quem puxou as vaias foi um grupo político adversário ao petista que também esteve presente na Câmara de Campinas e manifestou-se a favor da instauração de uma Comissão Processante (CP) para  investigar o novo prefeito. O Legislativo chegou a aprovar a CP e o afastamento de Demétrio durante os trabalhos da comissão, mas o prefeito recorreu da decisão e, com uma liminar, foi mantido no cargo.

Depois da manifestação, Demétrio aplaudiu os desfiles da Brigada de Infantaria Blindada (BIL), da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal (GM), mas saiu após o encerramento da apresentação dos agrupamentos fardados. Não ficou para ver as escolas nem os manifestantes do Grito dos Excluídos, que tinham preparado uma faixa em protesto contra o prefeito.

Cercado de assessores, desceu rapidamente a escada do palanque e embarcou no Toyota Corola oficial, que o esperava. Rapidamente, o coordenador de Comunicação da Prefeitura, Otávio Antunes, afirmou que Demétrio tinha uma reunião marcada e uma entrevista na TV. Por meio de assessoria, o prefeito disse que “as vaias políticas são uma expressão da democracia”. Durante entrevista à tarde ao Correio, por telefone, Demétrio foi questionado sobre a saída do palanque antes do encerramento do desfile. Um assessor tomou o telefone e afirmou que o prefeito não falaria sobre o assunto.


Excluídos
Sem a presença do petista Demétrio e de outras autoridades que deixaram o palanque assim que o prefeito foi embora, a 16ª edição do Grito dos Excluídos levou aproximadamente 800 integrantes das pastorais católicas e dos movimentos populares de Campinas para a Glicério cerca de meia hora após o desfile oficial do 7 de Setembro, às 11h30. Eles carregavam faixas e bandeiras para reivindicar o direito à vida, à justiça e à inclusão social.

Os integrantes do Grito manifestaram o descontentamento de camadas da população que se sentem esquecidas pela sociedade e pelo poder público municipal, estadual e federal. A faixa à frente dos participantes trazia a mensagem “Pela vida grita a Terra… por direitos, todos nós!”.

A avenida foi tomada por representantes dos idosos, das mulheres, dos negros, das pessoas com deficiência, dos direitos humanos, das crianças e de movimentos populares ligados à educação, saúde, transporte, Previdência, reforma agrária e juventude.

Um dos manifestantes, o metalúrgico Gerardo Mendes de Melo, membro do PT, disse que a sociedade como um todo e os representantes do poder público têm muito ainda a fazer para garantir um País justo e igualitário. “Muitas camadas da sociedade ainda são excluídas e lutam por saúde, educação e justiça. Enquanto houver excluído, não haverá independência”, disse.

Melo afirmou que há 151 anos a exploração se mantém sobre o povo brasileiro. “O grupo de exploradores, junto com empresas transnacionais, pressiona os diversos governos para que obedeçam suas regras. O resultado disto se expressa na multidão de pessoas jogadas nas calçadas e na falta de qualidade de vida da classe trabalhadora”, disse.

Os integrantes do Grito dos Excluídos reclamaram do déficit de moradias, dos altos preços da energia elétrica, dos desvios de verbas públicas e da violência. Denunciaram também a falta de acesso ao lazer e à cultura, a contaminação de alimentos por agrotóxicos e a degradação dos recursos naturais.


Fonte: Correio Popular

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