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17/02/2009

Ano letivo começa com greve em creche

Pelo menos 25 unidades foram afetadas com paralisação dos monitores contra o turno alternado

Pelos menos 19 creches municipais de Campinas funcionaram precariamente e outras seis ficaram sem monitores na manhã de ontem, primeiro dia do ano letivo, com a paralisação de atividades dos agentes de Educação Infantil em repúdio a uma ordem de serviço que determinava o revezamento semanal de turno entre esses funcionários. Após cerca de quatro horas parados, a Secretaria Municipal de Educação recuou e revogou a medida administrativa. A decisão foi tomada numa reunião entre o secretário de Educação, Graciliano de Oliveira Neto, o coordenador de Comunicação da Prefeitura, Francisco de Lagos, representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas (STMC), monitores e pais de alunos.

Publicada no Diário Oficial do Município (DO) do último dia 30, a Ordem de Serviço n 01/2009 previa, entre outras medidas, que o monitor trabalharia uma semana no período matutino e outra no vespertino. Para os monitores, essa mudança prejudicaria o vínculo com as crianças, o projeto pedagógico e também a vida pessoal dos funcionários, principalmente daqueles que estudam no turno contrário.

Ontem pela manhã, os agentes de educação participaram de uma manifestação no Paço Municipal para pedir a revogação da mudança. Dos 1,3 mil monitores, cerca de 160 compareceram, afetando pelo menos 25 creches, das quais seis paralisaram 100% -- o número de crianças matriculadas nessas unidades não foi informado pela Prefeitura. Por volta das 10h30, o secretário convocou uma reunião com cinco integrantes do movimento para discutirem o assunto. Meia hora depois, Oliveira Neto decidiu revogar a ordem de serviço e manter apenas a jornada de trabalho de seis horas diárias, como já vinha ocorrendo desde 2004.

"O prefeito (Hélio de Oliveira Santos, PDT) ordenou que a medida fosse revogada e que a escolha do turno ficasse a critério apenas da diretoria de cada unidade. Dessa forma, o monitor trabalha num único turno e só deverá mudar caso haja necessidade e não prejudique a criança", disse o secretário.

No domingo, o próprio secretário havia afirmado, por meio de sua assessoria de imprensa, que o revezamento de jornada entre os monitores era "inegociável", pois a medida visava tornar mais igualitário o trabalho, já que o período da manhã exige bem mais dos monitores que o da tarde. Argumentou ainda que as crianças seriam melhor assistidas com o revezamento. "A princípio, achamos que os monitores do turno da manhã, que costumam trabalhar mais, iriam aprovar, mas não foi isso que aconteceu. Portanto, decidimos conversar com o sindicato e manter as coisas como estavam, sem revezamento", disse ontem. Oliveira Neto informou que, entre hoje e amanhã, já será publicada a nova ordem de serviço com as devidas alterações.

Estudante do 5 ano do curso de Direito, a monitora Guida Calixta já estava preocupada em ter de mudar o período e toda sua grade horária na faculdade. "Sempre estudei de manhã e trabalhei à tarde, mas com essa ordem de serviço teria de mudar meu turno na faculdade e toda minha grade horária, que é diferente no período noturno. Na creche onde trabalho, todos os 12 monitores pararam", disse, referindo-se ao Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Doutor Ruy de Almeida Barbosa. Além disso, ela ressaltou que a maioria dos monitores tem filhos pequenos e a mudança também comprometeria a vida escolar deles. "Somos, na maioria, mulheres e mães. E nossos filhos como ficariam?", questionou.

"Consideramos como uma vitória, porque o secretário voltou atrás e ouviu nossas reclamações", disse a coordenadora do sindicato Cláudia Bueno. De acordo com ela, a aplicação do revezamento seria inviável, principalmente para as crianças. "Além do funcionário não poder ter mais uma vida pessoal, a criança seria a mais prejudicada porque poderia estranhar a mudança semanal dos monitores", ressaltou.

A coordenadora sindical disse que todos os pais foram avisados por uma carta de esclarecimento sobre a paralisação dos monitores. "Alguns monitores compareceram aos seus locais de trabalho e informaram os pais sobre a paralisação de hoje (ontem) e entregaram folhetos explicativos", afirmou. Contudo, como a ordem de serviço foi revogada no final da manhã, os monitores foram orientados a voltar ao trabalho normalmente no período da tarde.

A costureira Marcia Cristina Ribeiro José, no entanto, se surpreendeu quando foi levar o filho de 2 anos à Cemei Helena Novaes Rodrigues, no bairro Vista Alegre, e foi informada de que todos os monitores estavam em greve. "Como trabalho em casa, até posso ficar cuidando dele, mas a maioria das mães não tem essas condições", disse Marcia, que mesmo assim apoiou a manifestação dos agentes de educação. "Esse revezamento de turno semanal comprometeria o desenvolvimento dos alunos porque, quando as crianças estivessem acostumando com um monitor, já estaria na hora de mudar de novo", considerou


Fonte: DA AGÊNCIA ANHANGUERA (Juliana Facchin)

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