Confira abaixo artigo publicado no Correio pela professora MARIA DA PIEDADE E. DE ALMEIDA e que aborda a questão dos funcionários fantasmas na Prefeitura Municipal de Campinas: A persistência do jornalismo investigativo e cidadão demonstrado pelos repórteres do Correio Popular leva-nos a considerar que o eleitor não tem a memória tão curta como julgavam, no início, os próprios vereadores e também não está assim tão mal informado e alheio à corrupção que rola, tanto no Executivo como no Legislativo campineiros. Os argumentos dos vereadores da base de sustentação do governo não colam mais, nem em seus redutos eleitorais. Até lá eles são motivo de chacota e perdem, com certeza, muito de sua credibilidade futura, que lhes poderia garantir a reeleição. Considerar como bode expiatório desse mar de lama o presidente da Câmara é dar-lhe mais importância do que realmente possui. Sabe-se lá se o prefeito também não está gostando muito da postura do incrédulo Aurélio: "como foi que isso aconteceu justo comigo? E logo em ano de eleição". Será que pensa na possibilidade de conjugação de forças ocultas lhe terem dado, de repente, esse presente de grego? O estado de catatonia que a reportagem informa talvez seja a resposta que o presidente Aurélio considera mais adequada: até agora não cometeu nenhum ato de loucura explícita, não condizente com o seu cargo. Espera, como um dia o ex-presidente General Figueiredo afirmou, "que a população o esqueça". Pelo menos até ao próximo mês de julho, quando começa efetivamente a campanha eleitoral. Agora, o estigma de "Rolando Lero" do vereador Sebastião dos Santos, esse vai ser difícil de tirar. Um corregedor que elabora um relatório corporativista que mais confunde do que esclarece, vai querer reeleger-se com os votos de quantos desqualificados?A população tem seus critérios de escolha e detesta que sua inteligência seja menosprezada. A campanha do Sindicato dos Servidores Municipais está de parabéns. Senso de oportunidade, localização bem calculada dos protestos, singularidade dos símbolos utilizados relacionados intimamente ao estado de espírito do engano, da falcatrua. Quem de nós gosta de se sentir enganado, traído? O ponto de vista de João Miras foi muito esclarecedor e nos encaminha para o questionamento mais profundo e sério que o Dr. Fábio Toledo faz em seu artigo: vale a pena ser honesto? Em outras palavras: se é pelo exemplo que educamos nossos filhos, então, além de sermos de fato honestos na nossa vida privada, aqueles que optam pela vida pública, além de o serem, devem também parecerem. E os nossos vereadores, com raras exceções, não são nem honestos, nem sequer se preocupam em aparentá-lo. A incógnita fica no ar: dos 33, quais ainda, apesar de tudo e com tudo, tem a chance da reeleição? Não sei não... Começaria a pensar em reduzir o número de vereadores: quanto menos, menos trapaças e corrupção. Além de se conseguir uma mais eficaz fiscalização, por que se diminui o mapa geográfico do engano. Depois, se a imprensa e o sindicato não forem cooptados, nem esmorecer a séria capacidade de investigação e exercício da cidadania independente, julho já está chegando e a memória da população está viva, tinindo, pronta para dar a melhor resposta para aqueles que tão mal a representaram. Pior, gastaram seu rico dinheirinho pagando salários para funcionários vagabundos, "fantasmas" ou então pouco esclarecidos que foram levados na lábia enganadora dos eleitos que só por esse fato se consideraram acima de tudo e de todos, podendo à "tripa forra" se esbaldar com a confiança neles depositada. Só tem um caminho que me parece pouco provável: o gênio da comunicação e marketing da Prefeitura Municipal, aquele que de fato organiza a cidade e sabe construir fatos políticos relevantes, elaborar em sua mente brilhante um magnífico plano de restauração de credibilidade da Administração pública campineira. Um plano bem melhor que o do tradicional "gênio da lâmpada". Se o secretário Francisco Lagos já possuir um plano surpreendente e elaborado com estratégias de realização formidáveis e conseqüentes, aí acredito que a re-eleição do prefeito e do bando dos vereadores da sua base pode até se tornar provável. Milagres, por vezes, acontecem e nos lugares mais inesperados. Só nos resta esperar para ver e verificar como é que fica. o Maria da Piedade Eça de Almeida filósofa, pós-graduada, professora universitária e secretária executiva do Movimento pelos Deveres/Direitos do Cidadão
Fonte: Jornal Correio Popular