Intitulado "Pobre bode expiatório", a escritora Célia Siqueira Farjallat faz uma defesa dos Servidores Públicos Municipais, que sofrem discriminação em virtude do escândalo dos fantasmas. Confira: "Os funcionários públicos tornaram-se a ovelha negra, o bode expiatório, responsáveis por males passados, presentes e futuros, os vilões do orçamento da União, do Estado e do Município. Diz Augusto Marzagão que os funcionários aparecem em certos noticiários como detentores de salários altos e pior ainda, como parasitas, para darem despesas, como gastar papel e ainda consumir cafezinhos, e ainda quando a ocasião se apresenta aplicar algum golpe no erário. O que se tem dito do funcionário público é de arrepiar os cabelos. São uns incompetentes, ignorantes, aproveitadores e marajás. Em quase todos os governos são alvos de piadas, são alvos de perseguições. Se existem funcionários incompetentes a culpa não é deles, mas de quem os contratou... Na vida conheci e convivi só com os Barnabés, funcionários pobres, gente normal. Sei que existem Marias Candelárias, que nem assinam o ponto. Mas de quem é a culpa? Delas ou de quem as nomeou? Não se deve fechar os olhos àqueles muitos que cumprem sua obrigação com o maior rigor, atendendo bem e educadamente aos que os procuram. Não se esqueçam das muitas professoras de escolas públicas, esforçadíssimas, que com carinho se dedicam aos seus pupilos com total empenho. Quando não compram até material escolar para os pequenos, que muitas vezes freqüentam a escola com fome e descalços. E ainda suportam a enorme carga horária de lecionar em várias escolas, pois o salário de um só emprego não chega para as necessidades de sua família. Pensar em leituras complementares, como jornais, revistas especializadas, novos livros didáticos para sua atualização é pura utopia. O salário não dá... Nas repartições públicas e em diversos escalões da política há funcionários de todos os tipos: uns relapsos, preguiçosos, que se esquecem que são pagos pelo povo, a quem devem servir com o maior zêlo. Porém, convivem com estes aquele outro que tem honra, bons princípios e competência, ingressante por concurso e que dá duro todo dia. E ainda ouvem desacatos freqüentes tanto do público como de seus chefes. Poucos destes sabem de seus direitos e que estão protegidos por lei, do assédio moral imposto por colegas e superiores... Por isso, senhores, agarrem o funcionário vadio, deseducado, relapso, já. E respeitem os outros". (Publicado pelo jornal Correio Popular no dia 21/02/2008)
Fonte: Correio Popular