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27/03/2012

Caravela da Lagoa apodrece à espera de reformas

Atracada às margens da Lagoa do Taquaral desde março de 2008, quando 100 mil litros dágua invadiram a estrutura

Apenas o imaginário infantil dá conta de enxergar algo além de escombros da réplica da Anunciação de Cabral, atracada às margens da lagoa do Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) desde março de 2008, quando 100 mil litros d’água invadiram a estrutura. Desde então, o que fora uma nau-cartão-postal, tornou-se esqueleto de madeira apodrecida abrigado em estaleiro improvisado. Durante um passeio com a família pela Lagoa, um menino disse ao pai que se tratava da “arca de Noé, mas ainda em construção”. Outro supôs que aquele era um navio de pirata. “Há sete anos trouxe meu filho para conhecer o que era a grande atração da Lagoa do Taquaral. De dois anos para cá, só vi placas de interdição e, agora, está esse abandono completo. Fico indignado. A madeira está apodrecendo, está ficando pior e até perigoso para a gente. Para onde foi o dinheiro dessa reforma?”, questiona o web designer Rafael Prado.

Em janeiro, o Correio  apurou que o custo da obra de recuperação da Caravela pode chegar a R$ 1,2 milhão, valor que ultrapassa em muito o cálculo inicial do atual secretário da pasta de Serviços Públicos, Valdir Terrazan. “Foram gastos até agora cerca de R$ 350 mil, somente em compras, que é o que tenho conhecimento. Estamos fazendo um levantamento das sobras desse material, criando um inventário. Uma pequena parte da madeira está num depósito da Prefeitura. O que pretendemos é remover para o local em que está a caravela”, diz ele, que pretende visitar o estaleiro esta semana.

A reportagem teve acesso ao “estaleiro” desativado. Em muitos pontos, o mato alto serve de abrigo a gatos e insetos. Aranhas fizeram teia no que restou da parte superior da caravela: deixada ao chão e descoberta, a estrutura aparenta estar completamente comprometida. Já a parte inferior da embarcação (convés baixo), que foi parcialmente recuperada, está mal conservada, deteriorando-se. Segundo Terrazan, se chove, a estrutura é coberta com lonas, ainda que de forma precária.

Os tapumes que separam a nau da pista de corrida e do trilho do bondinho também estão estragados. Canos, restos de madeira polida, galhos, latas e outros materiais espalhados pelo lugar são pistas de abandono. Da Escola de Aprendiz de Carpintaria Naval, onde cerca de 80 presidiários em regime semiaberto já participaram de atividades e contribuíram na reconstrução do convés baixo, só resta a estrutura azul, mantida fechada com cadeado, segundo frequentadores do parque.

A Prefeitura reconhece a inatividade desde a interrupção da reforma. “O treinamento de mão de obra de reeducandos tem uma rotatividade alta porque, quando uns internos do sistema prisional ganham liberdade, outros entram. Aí entra o lado social, que é válido e deve ser mantido. Mas acaba causando entrave”, diz Terrazan.

Quem viu a Anunciação campineira ser construída, na década de 70, lamenta a situação. “Acho que essa história de reforma foi só lavagem de muito dinheiro. Por que só se arrasta?”, questiona a assistente social Suselei Aparecida Tavares Cândido. “Quando morava em Brasília, fazia questão de citar esse navio como cartão-postal. Hoje, só lamento”, disse o autônomo Ubirajara Tavares Cândido.

Em janeiro do ano passado, o Correio noticiou que, segundo a Prefeitura, a conclusão da obra estava marcada para agosto. À época, o diretor do Departamento de Parques e Jardins, Edson Roberto Navarrete, afirmou que foi a segunda parte do projeto, que trata das obras do casco, que emperrou a reforma. Terrazan, que assumiu os Serviços Públicos em 27 de janeiro, afirmou que tenta uma parceria para levar o restauro adiante.

Fonte: RAC

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