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23/09/2011

Saúde: Médicos suspendem cirurgias pelo SUS na Santa Casa

Com salários atrasados, profissionais param atividades e agravam a crise financeira do hospital, que negocia com Prefeitura

A crise envolvendo a Santa Casa de Campinas ganhou mais um capítulo ontem. Uma carta divulgada em nome da equipe médica do hospital informava sobre a situação do atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que desde o dia 29 de agosto não realiza cirurgias. Isso porque os médicos anestesistas cruzaram os braços. Eles afirmam que estão há oito meses sem receber salários. Otorrinos e cirurgiões gerais estariam, segundo os médicos, há quatro meses sem receber os honorários pelos atendimentos do SUS. Eles ainda cobraram agilidade da Prefeitura, que há duas semanas divulgou um plano de metas para ajudar o hospital.

A própria Santa Casa reconhece as dificuldades enfrentadas e garante que fará uma reunião hoje à tarde com os médicos para pedir que eles voltem ao trabalho. O secretário municipal de Saúde, José Francisco de Kerr Saraiva, afirmou que dará celeridade às medidas que prometem salvar a Santa Casa.

A carta informava sobre a paralisação dos médicos e a suspensão das cirurgias do SUS, que hoje completa 25 dias. “Nós, médicos da Santa Casa de Campinas, vimos por meio desta divulgar à população a situação atual do atendimento do SUS e nossa insatisfação perante a impossibilidade de atendê-la pelas limitações que nos são impostas. Há cerca de quatro semanas, não há cirurgias do SUS sendo realizadas na instituição, e não há qualquer perspectiva de retorno às atividades cirúrgicas”, dizia o texto.

O provedor da Santa Casa, Murilo Antônio Moraes de Almeida, diz reconhecer o empenho da Prefeitura em ajudar o hospital e afirmou que está buscando outras alternativas para solucionar o problema financeiro do hospital, que está sem o repasse integral do governo federal, no valor de R$ 540 mil. Hoje, o hospital recebe, mensalmente, R$ 320 mil. “Estamos buscando na iniciativa privada uma linha de crédito  para equilibrar a situação financeira do hospital”, garantiu.

Almeida disse que o problema da Irmandade depende de inúmeras mudanças. “O Vilagra (Demétrio) está com boa vontade para nos ajudar e pretendemos recuperar o tempo perdido”, afirmou. O provedor da Santa Casa adiantou que uma reunião com os médicos será realizada hoje e haverá pedido para que eles retornem a atender o SUS. “Os atendimentos de urgência e internações continuam. A questão da paralisação dos médicos é pontual, mas é mais um fator complicador para a situação atual.”

Como o repasse do governo depende exclusivamente da produtividade do hospital, sem a realização das cirurgias o repasse, que já está reduzido, tende a ser ainda menor.

O secretário de Saúde de Campinas reafirmou que a Prefeitura não tem qualquer tipo de dívida para com a Santa Casa. “O convênio que prevê o repasse de recursos do SUS é baseado em metas de produtividade. Como as metas de cirurgias, internações e atendimentos não são cumpridas, o repasse não é feito de forma integral”, explicou. “E é na revisão deste convênio que a Prefeitura se propôs a ajudar, para modificar o plano de metas. Também vamos revisar o valor do aluguel do prédio onde está o Pronto Atendimento (PA) Central. Outra medida encontrada para minimizar os problemas do hospital foi doar medicamentos e materiais para que os atendimentos não fossem paralisados”, declarou Saraiva, que defende que em hipótese alguma o atendimento do SUS pode ser interrompido. “É preciso sempre buscar alternativas.”

O secretário afirmou que as propostas para revisar o valor do aluguel e a revisão do plano de metas do hospital estão sendo analisadas de forma emergencial pelas secretarias competentes. De acordo como provedor da Santa Casa de Campinas, a expectativa é de que até novembro o hospital passe a operar com novas metas estabelecidas.


Fonte: Correio Popular

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