Diretor de Recursos Humanos da Administração Regional 13 (AR-13) e servidor público de carreira há 20 anos, Luis Messias reiterou, na tarde de ontem, a condição de "fantasmas" de pelo menos cinco dos oito funcionários denunciados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Campinas (SSMC), lotados na regional com salários que variam de R$ 1.485,42 a R$ 5.141,62. Messias depôs como testemunha na sindicância interna da Prefeitura que analisa o caso do diretor da AR-13, William Costa Jardim -- que responde a processo investigativo sobre a existência de funcionários que recebem sem trabalhar e por atestar freqüências indevidas deles, além de ser acusado de ser "fantasma". Dois deles -- Givaldino Dias, que teria sido indicado ao cargo pelo vereador Noel Cordeiro (PR), e Mauro José da Silva, irmão do vereador José Carlos Silva (PDT) --, já foram exonerados pela Administração municipal após a comprovação de que eram "fantasmas". Além de William, outros dois (Edson Ribeiro e Isaac Martins) continuam comissionados na AR-13. Depois de ouvido por quase duas horas, Messias saiu da sala de audiência do Departamento de Processos Disciplinares Investigatórios (DPDI) da Prefeitura sem falar com a imprensa, mas a advogada do sindicato, Kátia Gomide, que o acompanhou, afirmou que Willian Jardim tentou culpa-lo. "Se ele (Messias) não preenchesse as folhas de freqüência desses 'fantasmas', seria punido pelo chefe, o próprio indiciado. Não era o Messias quem abonava a freqüência deles e sim o próprio William quem assinava e liberava as folhas dos funcionários, portanto, o responsável é ele. O Ministério Público está apurando e a verdade virá à tona", disse Kátia. Durante o depoimento de Messias, os ânimos chegaram a se exaltar e um bate-boca acalourado chegou a ser ouvido no 14º andar do Paço Municipal. De acordo com Kátia, o interrogatório chegou a constranger Messias e algumas perguntas induziam a testemunha a se auto-incriminar. "Messias está sendo perseguido pela chefia, está muito abalado psicologicamente e tem recebido freqüentes ameaças de morte." O último a ser interrogado na etapa de ontem da sindicância foi Willian. Ele se negou a comentar o depoimento. Disse que falará somente depois de concluídas as investigações. A comissão da sindicância concedeu um prazo de cinco dias para que Willian apresente provas de sua defesa. A partir daí, os membros da sindicância vão avaliar se haverá ou não necessidade de convocar novas testemunhas. "Creio que em 20 dias já poderemos ter o relatório pronto" disse o procurador Marco Vinícius, coordenador da investigação. Outra testemunha ouvida ontem foi o engenheiro da regional Manoel Vitor F. Marques, que seria o braço-direito de Willian na AR-13. Marques confirmou, ao sair da audiência, a denúncia de que Givanildo Dias e Mauro José da Silva eram "fantasmas". Quanto aos demais -- Edson Ribeiro e Isaac Martins --, ele negou a acusação, mas disse que ambos, embora não apareçam muito pela regional, mantêm contato por telefone sobre as demandas dos bairros atendidos pela AR.
Fonte: Correio Popular - 25/03/2008